O Grito do Compadre Pantaleão

Thales de Athayde

Passa o tempo, a coisa muda,

A ciência se multiplica,

Infeliz de quem não estuda

Pois a coisa se complica,

Vale mais ter um canudo,

Quem tem um curso, um estudo,

Do que aquele que pratica.

O pobre que não estuda,

Não tem na vida um projeto,

Não consegue um bom emprego,

Não consegue ter seu teto,

Sofre um bocado na vida,

Sua vereda é sofrida

Por ser um analfabeto.

Há milhões de brasileiros

Na fila do desemprego

A procurar um trabalho,

Vivendo em desassossego,

Padecendo em aflição,

Pedindo a Deus em oração

Pra conseguir um emprego!

Através do Fome Zero

Nosso Governo quer dar

Aos pobres desta Nação

O sustento alimentar.

Qual será o mais difícil:

Dar o peixe sem caniço

Ou com caniço pescar?

Sugiro aos maiorais

Que governam essa Nação

Que acertem essa coisa

Pois assim não vai dar, não!

O rico tá milionário

E o pobre almeja um salário

Para comprar o seu pão.

Que fortuna ganha o Banco

Explorando o operário

Que por uma vez ao mês

Deposita seu salário

Em uma conta corrente

Que explora esse cliente

Ficando mais milionário.

O povo põe na poupança

A menos de um por cento

Para poder garantir

No futuro o seu sustento.

Já no cheque especial

Juro de Banco é imoral

Faz o caboclo falir!

Que lei injusta é essa

Que o pobre tem de engolir,

O banqueiro paga pouco

Para a poupança gerir,

Depois esfola o tal

Com os juros do especial

E o pobre ainda tem de rir.

Tem pobre mexendo em lixo

E os recicláveis catando

Puxando um tosco carrinho

Trabalha perambulando,

Cata papel, garrafinhas,

Cata ferro e latinhas,

E continua catando!

Quando o pobre desespera

Busca na vida a razão

Não encontrando respostas

Vira um farrapo no chão:

Ou tira a própria vida,

Ou vive vida bandida

E se torna um ladrão.

Ou se lança pelas drogas,

Pelo crime ou bebida,

De drogas consumidor

Ou traficante na vida,

Derrama sangue inocente

Escangalha muita gente!

Fica a pessoa, perdida!

Outros saem caminhando

Pelas estradas afora,

Não tem destino ou parada,

Não tem dia, não tem hora.

Vira andarilho sem norte,

Sem família e sem sorte

Por esse Brasil afora!

Outro perde sua casa

Vai morar de aluguel.

Não consegue sustentar-se

Acaba provando o fel,

Vai morar em um barraco,

Na favela ou num buraco,

Cujo teto é o céu!

Outro vive pelas praças

Pelas ruas e avenidas

Pedindo esmola ou roubando

Se complicando na vida.

A cola sempre cheirando

E passa o tempo fumando

A tal da erva proibida!

Alguns, os bandidos matam

A tiro, a faca ou podão,

Deixam mulheres viúvas,

Os filhos ficam na mão,

Ou morrem como indigentes:

São culpados? Inocentes?

Ou filhos desta Nação?

Outros morrem pelas filas

Do nosso INSS,

Ou morrem em Pronto-Socorros,

Hospitais Beneficentes.

São lixos – vivem jogados,

E também desamparados

Pelos nossos Dirigentes!

Meu grito vai nesta trova

Que espalho pela Nação

Pedindo que autoridades

Nos ajudem neste chão.

Deus, olhe o povo pobre

Que não tem ouro ou cobre,

Só tem dor e aflição!

Ó pobres de minha terra,

Não desanimem, irmãos,

A vida é uma grande guerra,

Jesus nossa Salvação!

E Deus é sempre fiel!

Ofereço este cordel

Aos pobres desta Nação!

Faço trovas pelos pobres

Que sofrem judiação,

Que choram pelos barracos,

Que vivem pedindo pão!

Tenham em mim um amigo,

Que faz da trova um abrigo!

Meu nome é Pantaleão!

Thales de Athayde
Enviado por Thales de Athayde em 27/07/2007
Código do texto: T581461
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.