Refletindo em cordel sobre a humanidade

Perdoem-me os cordelistas de verdade

Por invadir assim o vosso espaço

Mas preciso treinar minha habilidade

E saber se sou mesmo capaz

De falar sobre nossa estranha humanidade

Nesse estilo de versejar tão popular

Por isso peço licença com humildade

Para em vossos domínios entrar.

Esquisito mesmo esse tal de ser humano

Que mesmo vendo o caos acontecendo

Entra ano, sai ano; entra ano, sai ano

Faz questão de não ver o que é óbvio:

O próprio declínio e a desgraça do seu mano

A cegueira lhe domina a tal ponto o coração

Que não há mais nenhum puro pano

Para limpar tanta sujeira e podridão.

Por causa da ganância esfomeada

Devoram-se buscando cada vez mais dinheiro

E a miséria traz a fome arrastada

Enquanto a fartura é plena e imoral

Nas mesas da gente corrupta e abastada

Que se alimenta, insaciável, do suor alheio

E faz não ver a dor tão lamentada

Num gesto desumano, arrogante e feio.

Há também quem condena por convicção

Ignorando a ausência de provais cabais

Apenas atendendo aos interesses da corrupção

Enquanto os verdadeiros ladrões engravatados

Passam longe das portas de uma prisão

Comprovam o poder sujo e nojento do dinheiro

E mesmo o dito popular do rabo preso

De quem quer vender a pátria ao estrangeiro.

Já que entrei da política nos caminhos

Vamos ver aonde vai dar essa história

Enquanto pobres sucumbem a desejos mesquinhos

Dos ricos ignóbeis e avaros deste globo

Os donos do poder viajam em blindados e jatinhos

Reunindo-se em palácios e mansões para planejar

Os próximos passos de seu objetivo macabro

Que é ao povo simples cada vez mais escravizar.

Há sinais, no mundo, que pipocam por toda parte

Que nos avisam sobre o que está por acontecer

E é de tal nitidez o tremular do estandarte

Que cegam os olhos daqueles que se iludem

Com a falsa pretensão de ser um baluarte

Desta sociedade que insiste em não ver a mudança

Pela qual passa o nosso planeta Terra

E aos poucos vai matando a esperança.

Mas apesar da dor é preciso compreender

Que toda a existência, humana ou não, é cíclica

E tudo o que cada um plantar, é o que vai colher

Porém, há no fim do túnel uma luz tênue

Que os olhos opacos custam muito a ver

É a luz de quem nos criou e, incondicional,

Nos ama e nos puxa para Si através da Fé

Mostrando-nos que a verdadeira Vida não tem final.

Cícero Carlos Lopes – 07-12-16

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 07/12/2016
Reeditado em 12/12/2017
Código do texto: T5846722
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