SEM RECALQUE À PULSÃO, AFETA O COGNITIVO.

SEM RECALQUE À PULSÃO,

AFETA O COGNITIVO.

I

Despertado pela Luz¹

Para escrever um verso

Testemunhando a loucura

Que vi num homem perverso

Com sua alma em tormento

Carecendo de um alento

Nesse abissal universo²

II

Com discurso controverso

Da mente sem disciplina

Desconhecendo a razão

Diz ser ele uma menina

Em um corpo masculino

Blasfemando do destino

Que fez triste a sua sina.

III

Indo na melhor doutrina

Que fala sobre a loucura

Trazendo uma explicação

Tem-se em Freud, a figura

Que norteia o pensamento

Para o bom discernimento

Nos mares desta aventura

IV

Pondo a Ciência à altura

Sem pensar em agradar

Com tal política correta

Nunca quis me associar

Nisso, em Freud embaso

As doutrinas que dão azo

Ao que venho argumentar

V

Antes, porém vou lembrar

Perverso, aqui é vertente

Do grau, de uma histeria

Que se faz prevalecente

Na pulsão dessa neurose

Que beira, uma psicose

Visto que é persistente

VI

Essa energia na mente

Não causa alucinações

Porém, faz uma fissura

Pelas forças das pulsões

Que vem do inconsciente

Feito água na enchente

Pode causar erosões

VII

Nas barreiras e contenções

Que resiste essa corrente

Como um fogo abrasador

Vindo, cauteriza a mente

Sem recalque esta pulsão

Num caráter em formação

Dar-se um perigo iminente

VIII

Pois, num EU, incipiente

Pode abrolhar um defeito

Que causa as disfunções

Na mente de um sujeito

Vertendo nela a tristeza

Não ver que a natureza

Fez dele um ente perfeito

IX

Mas por si perde o respeito

Se tornando, escandaloso

Sem ter senso do ridículo

Com seu ISSO insidioso

Não ouve seu SUPEREU

Seu “feedback” rompeu

Na alma, isto é doloroso

X

Porém, sendo talentoso

Encontra à sublimação

Nas artes do dia-a-dia

Consola o seu coração

Resiliente em seu peito

Inda que não seja aceito

Como alguém na multidão.

XI

Mas Freud, explica a razão

Deste imbróglio esquisito

Que se dar na castração

Explicando usa um mito

Do complexo edipiano

Bem como o electriano

Neste universal conflito

XII

Que deixa um ente aflito

Rumando na contra mão

Visto não ser um doente

Não compreende a razão

Da guerra em sua mente

Que o induz ser diferente

Da gene posto em padrão

XIII

Pois toda essa confusão

Na mente do individuo

Diz Freud ser o reflexo

Ou melhor, é o resíduo

Da mau feita operação

No tempo da castração

Alguém não fora assíduo

XIV

Fazendo, o Ente, divíduo

Do corpo da dependência

Dos pais, ou, do cuidador

Com a máxima diligência

Sem dar lugar ao ludíbrio

Não se ver desequilíbrio

Formal na sua existência.

XV

Com toda proeminência

Para o Freud, cientista

Mesmo na ambigüidade

Fundando ponto de vista

Diz que sexo ou a libido

No ser é desenvolvido

Em sua visão holista

XVI

Pela vertente ensaísta

Notou que não existia

Diferenças entre sexo

Diz que tudo é fantasia

Culturalmente falando

Todos vão se adaptando

Ao seu grau de histeria

XVII

Lacan, diz ser rebeldia

Contra a ordem social

Ladeado por Foucault

Recebem como normal

Qual institucionalismo

Do homossexualismo

Contestação radical.

XVIII

“Invertidos” na moral

Diz Freud inicialmente

Formulando seu ensaio

Fala empoderadamente

“As sexuais perversões

São de fato aberrações”

Vindas do inconsciente.

XIX

Por não achar um batente

Como rocha, ou, barreira

De um estável SUPEREU

Que recalque na esteira

Da corrente em pulsão

Que conduz satisfação

Pondo o EU na fogueira

XX

Durante a vida inteira

Deve-se, ter vigilância

Porém, o Freud adverte

Que é na tenra infância

Onde dar-se o casuísmo

Do homossexualismo

E toda beligerância

XXI

No ente a extravagância

Invade seu pensamento

Cujo neuro não alcança

Uma alma em tormento

Falta seu espectro físico

Sendo o trauma psíquico

Diz que não se vê o vento

XXII

Da pneuma em movimento

Do sopro, bruma da alma

Que dar vida à matéria

Força, fluida em palma*

Corrente citoplasmática

Transmissora midiática

Amálgama da vivalma.

XXIII

Porém, a palavra acalma

As procelas na tormenta

Pois Ela é quem funciona

Como a justa ferramenta

Que pode a mente operar

Sem uma marca deixar

Sana a dor e acalenta

XXIV

Por certo esta ferramenta

Quando é bem manejada

Pelas mãos do terapeuta

Prudente, ou, qualificada

Com firmeza e diligência

Através da transferência

Conserta a zona afetada.

XXV

Inda que, cauterizada

Numa mente enrijecida

A Palavra cria os “jumps”

Incita o neurônio à vida

Na neuro plasticidade

Pois com eletricidade

Logo é restabelecida

XXVI

Cicatrizando a ferida

Que afligia esse ente

Pelo poder da palavra

Liberta-se um paciente

Pois um psicólogo clínico

Com o verbo e todo afinco

Afina as cordas da mente

XXVII

Vibrando, em tom coerente

Tal qual órgão harmonioso

Tendo gozo e paz na alma

Da família, ele é zeloso

Ético, justo e perfeito

Ele não é mais sujeito

Socialmente asqueroso

XXVIII

Sendo de si orgulhoso

Pelo exemplo padrão

No caráter e na moral

Tal como um diapasão

Tocando agora afinado

Pelo verbo, foi blindado

Recalcando uma pulsão.

XXIX

Porém, chamo a atenção

Para um tal “psicolísmo”

Que não liberta o ente

Da corrente do axísmo

Por não produzir ciência

Embriaga a consciência

Com seu tolo idealísmo

XXX

De um plurisecularismo

Devasso “gramissiano”

Distanciado a léguas

Do ensino Freudiano

Induz a humanidade

Nos vícios da vaidade

Singrar em seu oceano

XXXI

Presa no próprio engano

Se afastando da verdade

Que liberta um individuo

Das mãos da iniqüidade

Da lascívia ou impureza

Que a própria natureza

No íntimo os persuade

XXXII

Pelo ISSO, sem maldade

Tira o SUPEREU de sena

Deixa, o EU transviado

Vejo isto e sinto pena

Por ser um Psicolando

Mas já estarei chegando

Ao combate, nessa arena.

Fim.

José Lucena/maio-2017.

José Lucena de Mossoró
Enviado por José Lucena de Mossoró em 16/05/2017
Código do texto: T6000580
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