A METEOROLOGIA CABOCLA

O caboclo é doutor

Mesmo sem ser escolado,

Conhece até pelo avesso,

sabe do significado

Das coisas mais sutis

Da vida lá do roçado.

Sabe lá da sua maneira

observar cada pista,

no seu ofício habitual

De físico, cientista,

Filosofo meio profeta...

E meteorologista.

No fim do mês de dezembro

Prever que as águas virão,

Se no rumo do nascente

anuncia a voz do trovão

Se no velho formigueiro

Tem muita agitação

Quando a carnaúba flora,

Diz logo que a chuva vem.

A previsão é acertada,

Os anjos, dizendo amém.

A roça pode plantar.

água com certeza tem.

O sabiá tá cantando

A terra tá muito quente?

As chuvas se aproximam

A previsão nunca mente,

O caboclo que tem fé,

Então, fica contente.

Quando a mãe da lua canta

O coração sente medo

Mas é um sinal que não erra

Este seu triste arremedo.

Vai cair chuva de certo

É sinal de chuva cedo.

As aves estão a migrar?

Sopra o vento para o poente?

O igarapé vai encher,

A chuva vem certamente,

Diz o caboclo convicto,

Pois é experiente.

E quando o sapo cururu

Canta feliz na lagoa,

Com certeza vai chover,

essa estação vai ser boa,

Por que o sapo cururu

Não é de cantar a tôa.

Quem é da cidade rir

E fala que é besteira,

Que o caboclo não prever,

Isto é só brincadeira,

Mas eu posso afirmar a todos

Que a história é verdadeira.

Quando havia mel na colmeia,

flores nos pés de feijão

meu pai olhava para o céu

E fazia sua previsão.

É para ele este cordel

De todo o meu coração.

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