A VIA-SACRA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Elevei meu pensamento

Ao céu pedi permissão

Para narrar em cordel

Com amor, com emoção

Via-crúcis de Jesus

Conduzindo sua cruz

Pela peregrinação.

Morte já para Jesus

Foi o tema em reunião

Escribas e Sacerdotes

Sem ter d´Ele compaixão

Condenaram sem motivo

Ao Calvário o Cristo vivo

Em covarde decisão.

Logo pelo amanhecer

O plano é deliberado

Jesus imediatamente

Pelo conselho é levado

À presença de Pilatos

Sem provas de que maus atos

Tinha Ele praticado.

Perante grande plateia

Pilatos O interrogou:

- Afirmas ser o Messias

Como já se anunciou?

E tão pacientemente

Escutando simplesmente

Calado Jesus ficou.

Pilatos não se contenta

Mais uma vez O indaga:

- Afirmas ser o Messias

Como teu povo propaga?

E Jesus lhe respondeu:

- Tu o dizes quem sou eu

Pra que insistas na saga?

Diante dessa resposta

Pilatos ficou sisudo

Fitou Jesus de um modo

Contrafeito e carrancudo

Porém não O contestou

Tão somente O admirou

Preferindo ficar mudo.

Por fim, Pilatos falou

Aos escribas e anciãos

Nada vejo de ilícito

Oh meus caros cidadãos

Este simples camponês

Parece-me tão cortês

Lavo, pois, as minhas mãos.

Os membros desse conselho

Se viram inconformados

Com a decisão de Pilatos

Sentiram-se insultados

Em meio a tantos bochichos

Caras feias e cochichos

Ficaram injuriados.

Pilatos fora lembrado

Lá naquela ocasião

Era a Semana da Páscoa

Mantinha-se a tradição

Que ele jurisconsulto

Concedesse pleno indulto

Livrando alguém da prisão.

Enfim, todo o Sinédrio

Resolve entrar em ação

Convoca toda a nobreza

Do escriba ao ancião

Pois estando insatisfeito

Resolve pra todo efeito

Refazer a decisão.

No oportuno momento

Barrabás a solução

Era um jovem audacioso

Movido a libertação

Pilatos por sua vez

O mantinha há mais de mês

Na sua jurisdição.

Por que não o Barrabás

Libertar dessa prisão?

Sendo ele grande líder

Mesmo estando em detenção

Já havia conquistado

A confiança o agrado

E o aval do povão.

Pilatos não hesitou

Conforme foi sugerido

Mandou trazer Barrabás

Que se encontrava detido

E num gesto cabotino

De Jesus cruel destino

Logo ficou decidido.

Já nessa hora Pilatos

Pede ao povo pra escolher

Barrabás ou o nazareno

Quem na cruz vai padecer?

E o populacho presente

Gritou muito ferozmente

É Jesus quem vai morrer!

A voz do povo é suprema

E Pilatos acatou

Libertando Barrabás

A Jesus se condenou

Sem decreto, sem aviso

Ao povo sem tino ou siso

Pilatos O entregou.

Já na Segunda Estação

Jesus põe a cruz às costas

E fiel ao Pai Celeste

Abraça sua proposta

Sem tentar contestação

Aceita aquela missão

Essa foi sua resposta.

Seguido por multidão

Ao Calvário foi levado

E manso feito um cordeiro

Foi até chicoteado

Envolto em negro véu

O Mestre Jesus foi réu

De um crime não praticado.

E na Terceira Estação

Jesus cai primeira vez

A fadiga era enorme

E sentiu-se pequenez

Soldados O humilhavam

Também O chicoteavam

Por algo que ele não fez.

Mas docilmente Jesus

Calado ele suportava

A multidão que O seguia

Também d´Ele caçoava

Ante tanta humilhação

Cumprindo Sua Paixão

Ele apenas caminhava.

E lá na Quarta Estação

Com sua mãe se encontrava

Ela muito entristecida

Aflita apenas chorava

Mas teve consolação

No meigo olhar de afeição

Que Seu Filho lhe lançava.

E pela Quinta Estação

No caminho é encontrado

Um bom homem de Cirene

Por Simão denominado

Ele socorre Jesus

Carregando a sua cruz

Coagido por soldado.

Chega-se à Sexta Estação

Seminu e desamparado

No momento por Verônica

Jesus se vê consolado

Ele está muito abatido

Por tudo o que tem sofrido

Traz o rosto ensanguentado.

Ali Verônica enxuga

A face do Bom Jesus

Seu rosto fixa na túnica

Refletindo muita luz

Mostrando cada ferida

Pela tortura sofrida

Conduzindo aquela cruz.

E na Sétima Estação

Jesus cai segunda vez

Em seus olhos muita dor

Em seu rosto a palidez

Aturdido nessa hora

De pura pena Ele chora

Ante tanta insensatez.

Pois aquela multidão

D´Ele ria e caçoava

Sem saber que Ele era

Ali o que mais amava

Mas o povo embriagado

Sem ter noção do pecado

Para a morte O enviava.

Na Oitava Estação

A multidão o seguia

Havia muitas mulheres

E até Sua Mãe Maria

Todas elas lamentavam

Também por Ele choravam

Por verem Sua agonia.

Jesus olhou para elas

Com amor e disse assim:

- Filhas de Jerusalém

Não vos lamenteis por mim

Mas por vós mesmas chorai

Por vossos filhos orai

Pois está bem perto o fim.

Naquela Nona Estação

Terceira vez Jesus cai

Sua face é dor suprema

Mas a Deus Ele não trai

Em passos cambaleantes

Cumpre agora como antes

A Vontade de Seu Pai.

E fala ao povo presente

Tentando se levantar

Ante aquela multidão

Começou a indagar

Dizendo: ó povo meu

Responde que mal fiz eu?

Por que queres me matar?

Com maná te alimentei

No meio de um deserto

E das terras do Egito

Ainda te deixei liberto

Diz-me, pois, mas em verdade

Se só recebo maldade

Será que isso é o certo?

Tratais o Filho de Deus

Sem nenhuma compaixão

E dais a que só amou

Da espada o aguilhão

Se Deus é Pai de Amor

A Seu Filho tanta dor

É suprema ingratidão!

Aí na Décima Estação

Das vestes é despojado

Ao chegarem ao lugar

De Gólgota nomeado

Era um monte, uma ladeira

De cujo nome “caveira”

Era o significado.

Deram-lhe a beber um vinho

Já misturado com fel

E Jesus só de prová-lo

Sente amargo o coquetel

Perante tal situação

Não esboçou reação

Ao gesto baixo e cruel.

Em nada Ele se opôs

Durante a flagelação

Aliás, preparado

Para a sua execução

Humilde continuava

Calado não reclamava

Da cruel condenação.

Depois que o Senhor Jesus

Na cruz já tinham pregado

Os soldados decidiram

Fazer um jogo de dado

Pra sortear suas vestes

Perante os olhos celestes

Do Mestre crucificado.

Cumpriu-se assim desse modo

Conhecida profecia

Que o Mestre Jesus narrava

Quando ao povo Ele dizia:

- À sorte me lançarão

As vestes disputarão

Antes do findar do dia.

Décima Primeira Estação

Na cruz Jesus é pregado

No alto daquele monte

Que de Calvário é chamado

Ali O crucificaram

Com dois ladrões que ficaram

Cada um, de cada lado.

Cumpriu-se dessa maneira

O que está nas Escrituras

E com muita exatidão

Porque são palavras puras

Que dizem: “crucificado

Sem ao menos ser julgado

E entre más criaturas”.

Jesus perece na cruz

Décima Segunda Estação

E tudo já estava pronto

Para a consumação

Ele obedientemente

Aceitava humildemente

Cumprir a Sua Missão.

Pregado bem lá no alto

E traspassado de dor

Ele em nenhum momento

Queixava-se do opressor

Pois tudo já estava escrito

Como Ele houvera dito

“Seja tudo por amor”.

Jesus ao ver sua Mãe

Sofrendo de aflição

Ao lado do seu discípulo

Que amava de coração

Disse-lhe com muito brilho

Minha Mãe, eis o teu filho,

Eis a tua Mãe João.

Pouco depois Jesus disse:

Tenho sede – e chamava

Mas no esforço de falar

A sua sede aumentava

Perante a dor que sentia

Jesus logo pressentia

Que sua hora chegava.

Em seguida Ele exclamou

Em tom de voz embargado

Em oração disse a Deus

Está tudo consumado

Aqui te peço em verdade

Que seja feita a Vontade

Do Pai Celeste e Amado!

Rendido naquela cruz

Jesus conclui a oração

Afasta de mim ó Pai

O Cálice da Paixão

Mas sendo a Vossa Vontade

Que eu tenha fidelidade

E cumpra a Minha Missão.

Chegou aquele momento

Como Ele havia predito

Eu entrego em Vossas Mãos

Meu Espírito Bendito

A cabeça Ele inclinou

Naquela hora expirou

Cumpriu-se, pois, o escrito.

A terra se transformou

Tudo estava consumado

Houve grande tempestade

O Céu por raios cortado

O povo já teve medo

E cochichava em segredo

Sem jeito e envergonhado.

Mãos-postas sua Mãe ficou

Sempre ao lado de João

Jesus descido da cruz

Décima Terceira Estação

O universo num minuto

Logo se cobriu de luto

E também de compaixão.

Sua Mãe não se continha

Ante o que seus olhos viam

Seu coração e sua alma

Em pedaços se partiam

Pelo filho tão querido

Ali no chão estendido

Enquanto alguns inda riam.

Com alma em sofrimento

E o coração em pedaços

Ela recebeu Jesus

Já falecido em seus braços

O filho que ela criou

Em seu colo aconchegou

Sem querer romper os laços.

No Sepulcro colocado

Décima Quarta Estação

Na presença de sua Mãe

E do discípulo João

E o povo sepultou

Aquele que muito amou

Sem merecer compaixão.

A Mãe de Jesus e João

Ficaram ali calados

Os fatos daquele dia

Por eles vivenciados

Foram sim os mais terríveis

De sofrimentos incríveis

E para sempre guardados.

Jesus o Mestre dos Mestres

Quando na cruz padeceu

Fez o mundo ficar mudo

Diante do que se deu

Calados os sacerdotes

Os doutores com seus dotes

Do Zelote ao fariseu.

Só porque anunciava

Outra forma de reinado

Ele logo foi malvisto

E pelos Reis questionado

Por falar de amor somente

Aborreceu muita gente

Por isso foi condenado.

Esse homem só falava

De clemência amor e paz

Lá em suas preleções

Extremamente tenaz

Ensinava aos seguidores

Que o perdão cura as dores

Àquele a quem o bem faz.

Pergunta alguma na vida

Sem resposta Ele deixou

Em tudo que Ele disse

O mundo se transformou

Quem a Ele deu ouvidos

Aguçou os seus sentidos

E para o bem se voltou.

Muitos nobres poderosos

Se curvam frente a Jesus

E hoje são estudadas

Suas palavras de luz

Mas não vamos esquecer

Que O mandamos pra morrer

Pregado naquela cruz.

O homem que condenamos

De modo muito cruel

Foi para nós com amor

Um Mestre Bom e fiel

E nós o que lhe fizemos?

Para Ele só trouxemos

Taça de vinagre e fel.

Ele soube perdoar

Sem ter sido perdoado

Proferiu só a verdade

Porém não foi escutado

A ninguém Ele ofendeu

Mas de nós só recebeu

A sorte de um condenado.

Batemos em sua face

E Ele assim respondeu:

Agredido de um lado

O outro lado ofereceu

E muito humildemente

Caridoso e consciente

Perdoou quem lhe bateu.

A caminho do Calvário

A cada passo açoitado

Pela multidão insana

Ainda era achincalhado

Nem por isso se abateu

E tudo quanto sofreu

Suportou sempre calado.

A humanidade baniu

Quem a ela só amou

A cruz pesada nos ombros

Foi para Ele o que restou

No supremo sofrimento

Ele em nenhum momento

Revolta alguma esboçou.

Essa mesma humanidade

Quando busca um conselheiro

Quando enfermidade chega

Ou falta pão ou dinheiro

Para consolar seu pranto

Invoca Seu Nome Santo

Jesus Cristo vem ligeiro.

Bendito Louvado Seja

Jesus Cristo, Meu Senhor

Que pregado numa cruz

Suportaste tanta dor

Por tamanha ingratidão

Agora peço perdão

Confiando em Teu Amor.

Lembro agora finalmente

Quanto é grande do Teu Perdão

Pois na hora derradeira

Tua última oração

Perdoa Pai, por Bondade

Os que fazem crueldade

Não sabem o que fazem não.

Teu exemplo nós devemos

Seguir pela vida inteira

Perdoando os que ferem

De toda e qualquer maneira

Dá-nos força meu Jesus

Para seguir Tua Luz

Nessa hora derradeira.

FIM.

Francisco Luiz Mendes
Enviado por Francisco Luiz Mendes em 10/03/2018
Reeditado em 11/03/2018
Código do texto: T6275983
Classificação de conteúdo: seguro
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