Aurora

Aurora aqui no nordeste tem,

mais não é Aurora Boreau que to falando não!

É Aurora, filha de Vicente da bodega com Lurde Castanhão.

A menina mais formosa que já vi,

parece ter sido moldada no barro

feita pelas mãos do melhor artesão de Caruaru

Com cabelos rendados, olhos mais acesos que a lua

Um sorriso ameninado e uma doçura feito rapadura.

Nascida entre luz do candeeiro

Tem um coração quente

Pense numa muié valente

ela é filha do sertão

Ela tem sangue lampião.

Agora eu digo!

A menina é danada

Muito faceira não perde uma batida

Sai até escondida, mais não deixa de dançar.

Pode ser xote, forró ou xaxado

toque o que tocar

ela já fica balançando as cadeiras

doidinha pra dançar.

Aurora as vezes não se decide

Se quer parecer menina

ou as vezes, mulherão.

Toda montada com vestido de renda

ou com saia pano algodão,

ela é livre para ser o que quiser

e aí de quem botar sermão.

Seu Vicente que o diga! Todo dia é uma briga

porque Aurora quer ir na igreja vestida com roupa curta

e seu vicente bate o pé ''Eu vou te vestir é um gibão, assim tu não sai não''

Dona lurde pra acalmar o homi já chega botando ordem

''Ninguem se avexe não! Hoje eu não quero confusão. Aurora troque seus mulambos que isso não é veste não ''.

Aurora é toda pra frente

Se acha ela sabida,

Pensa ela que eu não sei,

mais todos as noites as seis

ela pula a janela toda impiriquitada

pra dançar forró com Zé

e só volta nas pontas dos pé

pra não acordar ninguém e ser pega no flagra.

Abre a janela como se tivesse segurando uma criança

Joga primeiro os tamancos e depois pula pra dentro do quarto dela,

e no outro dia minha gente...

No outro dia volta pra mesma saga.

Orleando Rodrigues
Enviado por Orleando Rodrigues em 26/04/2018
Reeditado em 26/04/2018
Código do texto: T6319864
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