MARCAS DA VIOLÊNCIA
Dói aqui no meu coração
Quando vejo nos jornais
A notícia estampada
Nas páginas iniciais
Os pais matando os filhos
Os filhos matando os pais.
Todo dia na tevê
Em rede nacional
Nesse horário nobre
Seja qual for o canal
O índice de violência
É o tópico principal.
Marido mata a mulher
A mulher mata o marido
É moça violentada
O culpado absolvido
É inocente morrendo
No lugar de réu bandido.
E por coisas tão banais
Gera-se uma discussão
A tolerância é zero
Não tem argumentação
O clima fica agitado
Está feita a confusão.
É violência no trânsito
É roubo a mão armada
No estádio de futebol
Só se vê é bofetada
Polícia e a torcida
Às tapas na arquibancada.
É irmão versus irmão
É João contra José
É igreja contra igreja
Discutindo sobre fé
Vendendo a mesma imagem
De Jesus de Nazaré.
É nação contra nação
Disputando o tal poder
E sempre querendo mais
Cobiçando mais querer
Só para abater o próximo
E assistir ele morrer.
É violência na escola
Nas ruas também nos lares
É na fauna e é na flora
Lá nos céus e aqui nos mares
As nossas rosas morrendo
Intoxicados pomares.
Violência a cada dia
Vem acrescentando mais
E mata-se por prazer
E por coisas tão banais
Parece que o ser humano
Perdeu as credenciais.
A violência doméstica
É a mais denunciada
E no lar que se convive
A criança é molestada
Pelo pai entorpecente
Pela mãe embriagada.
Pra que tanta violência?
Chega de hostilidade
Maldito do homem que
Praticar sua maldade
Do céu ele só terá
A sua a infelicidade.
A violência só gera
Ainda mais violência
Se alguém lhe revidar
Ignorar é sapiência
Retire-se com elegância
Use sua inteligência.
A violência todo dia
É boletim de tevê
A mídia logo divulga
Faz aquele fuzuê
A história é reprisada
Para todo mundo vê.
Violência não é somente
Aquela de assassinar
Ela também é verbal
Tem poder de intoxicar
Essa é tão perigosa
Tanto quanto a de matar.
A violência se encontra
Em toda parte do globo
Ela vai se dilatando
Ferozmente feito um lobo
E a rede psicológica
Mostrando quem é o bobo.
Até tem gente que vive
Em cárcere no seu lar
Com muito medo se tranca
Sequer vê o dia passar
A fobia é tanto que
Prefere se enclausurar.
E conforme tal pesquisa
De um censo realizado
A cada treze minutos
Um jovem é trucidado
Essa estatística muda
Dependendo do estado.
Veja que incoerência
População brasileira!
Quanta gente chacinada
Assim por qualquer asneira
E se for contar nos dedos
Soma-se a vida inteira.
Não é só arma de fogo
Que traz a violência
Tráfico também pratica
Essa mesma imprudência
Basta só acompanhar
O boletim de ocorrência.
Cidadão que anda armado
Está caçando caixão
Está mais fácil morrer
Mediante essa ação
Que certo fulano e que
Nunca teve arma na mão.
E quem pratica esporte
Sabe mesmo se conter?
O boxe por exemplo
Dá aflição até de ver
Pois é! Que vantagem tem
Dá a cara para bater?
Desde que o mundo é mundo
Que esse planeta é cruel
Entre as sementes puras
Também lá nasce o fel
A própria Bíblia conta
Que Caim matou Abel.
Ainda nas Escrituras
Tem a ira de Sansão
Com aquela tal mandíbula
De animal na sua mão
Matou tanto filisteu
Que foi além de um milhão.
Assim essa violência
Que vem lá dos ancestrais
Portanto vem crescendo
Cada dia mais e mais
As estatísticas provam
Nesses tempos atuais.
Certo canal de tevê
Se quiser ter audiência
Pois é preciso primeiro
Mostrar com toda veemência
Cenas de sensualidades
Ou filme de violência.
Hoje muita gente vive
Com medo e assustada
E mesmo no próprio lar
Sente-se encurralada
Principalmente aquela
Que já foi violentada.
De repente toa um espanto!
Alguém está baleado
Esse alvoroço é grande
O resgate é chamado
É mais um na estatística
No mundo do finado.
A agressão não tem hora
E nem escolhe o lugar
A todo instante se ouve
A mídia denunciar
Senhora foi estuprada
Quando ia trabalhar.
A moça dá entrevista
Com o rosto todo inchado
O repórter lhe indaga
Quem praticou o atentado?
Ela chorando responde
Foi o meu ex-namorado.
Em casa chega o filho
Com ar de desconfiado
Sua mãe logo percebe
Que existe algo errado
Ela lhe faz a pergunta
Filho foste deflorado?
É mais um crime impune
Marcado por violência
E é só a dor do parente
Que brada por providência
E nenhuma autoridade
Bota a mão na consciência.
Para que tantos simpósios?
Chega de demagogia
Enquanto as autoridades
Caem no bloco da folia
A violência continua
Assombrando, noite e dia.
FIM.