SEU JOSÉ E DONA MARIA.

*Como vai dona Maria?

- Eu estou bem seu José

*Conseguiu o que queria?

-Ainda me falta fé

*Eu lhe desejo vitória

-Glória, glória glória glória

-Agradeço sim senhor,

*Tô lhe notando tristonha

-Sinto a falta medonha

-Do meu antigo amor.

-E o senhor seu josé

Me conte as novidades!

*Eu já sabe como é...

Não possuo vaidades

Vivo aqui do meu jeito

Conquistando meu direito

Através do meu trabalho

Não ando solto bolando

Feito passarinho pulando

De galho pra outro galho.

-Que permaneça assim

*Com a sua altivez

-Já eu nesse ínterim

Vivo nessa viuvez

Curtindo o desengano

Entra ano e sai ano

Com meu coração partido

Passo o dia pensando

E a noite suspirando

Lembrando do falecido.

*Dona Maria me diga

Para que viver assim

Com o coração em briga

Por um desejo sem fim

Botando tudo a prova

A senhora está nova

Me desculpe o assunto

Mas deixe de ser cativa

A senhora está viva

Quem morreu foi o defunto.

-Isso não posso negar

O senhor tá com razão

Mas não posso ser vulgar

Andando de mão em mão

*Não foi isso que eu disse

Mas se a senhora ouvisse

Um homem apaixonado

Talvez sentisse de novo

Aquele mesmo renovo

Que já teve no passado.

-Seu José vou lhe contar

Eu sou viúva direita

E se alguém me cantar

Vai ouvir uma desfeita

*Assim não dona maria

Pra que tanta euforia

O mundo não acabou

Quem partiu deixa saudades

Mas quem fica as vontades

O peito não enterrou.

*Veja, também sou viúvo

Mas não vivo lastimando

A tristeza não me curvo

Já parei de tá chorando

-Mas homem é diferente

Já mulher é mais carente

Por isso corre perigo

Homem é enganador

Vou de vagar com o andor

Pra não cair em castigo.

-Seu José seja sincero

O senhor pensa em casar?

*Vou lhe dizer o que quero

Tô doido pra me abrasar

Mas confesso um segredo

É que sinto muito medo

De levar uma desfeita

Mas ela é uma uva

Tá carente e é viúva

E também muito direita.

-Será que eu a conheço

Me desculpe a indiscrição

*Sabe nome e endereço

O resto não digo não

Vou guardar este mistério

Como eu também sou sério

Não vou me precipitar

Pois tenho a esperança

E também a confinaça

De logo me declarar.

-Quer dizer que eu conheço

Essa sua pretendente?

*Só não sei se eu mereço

De tê-la pra mim somente

Por isso a indecisão,

Quanto a declaração

Sobre o meu sentimento

Prossigo firme na meta

Chegando na hora certa

Lhe peço em casamento.

-Seu José me conte mais

Que eu já tô curiosa

Sobre os seus ideais

Com esta mistériosa

Ela é moça bonita?

Me diga já tô aflita

Pra desvendar esse véu

*Ela é uma princesa

Possui a maior beleza

Do que os anjos do céu.

*Tem um sorrido divino

Os olhos são dois brilhantes

O semblante é cristalino

Como água nas vazantes

Traqueja bem no andar

E sabe como agradar

Para quem tá lhe olhando

Dona Maria lhe digo

Ela parece um figo

Na boca se desmanchando.

*A voz dela é a canção

De uma bela cigarra

Que quando chega o verão

No galho verde agarra

Cantando para a beleza

Que tem a mãe natureza

Com todo seu esplendor,

E ainda digo mais

Ela parece os pardais

Cantando hinos de amor.

-Virgem, que belo anseio

Eu estou a explodir

É o maior galanteio

Que alguém pode ouvir

Seu José sua conduta

Nada de ruim oculta

O senhor é um galã

Que confesso que amei

E que agora passei

A ser também sua fã.

-Essa sua pretendida

É uma mulher de sorte

Se eu fosse a escolhida

Lhe daria como dote,

Toda a dedicação

Todo amor toda paixão

Que alguém possa ter tido

Enterraria o passado

Ficaria do seu lado

Sem lembrar do falecido.

*Dona maria é hora

Da minha declaração

Confesso para senhora

Que este meu coração

É da mulher mais querida

Que eu conheci na vida

E que a amo somente

Ela é o mel do caqui

E se encontra aqui

Bem em pé na minha frente.

-Seu José tome cuidado

Que eu posso ter um troço

O que é seu tá guardado

Eu só não sei se eu posso

Aceitar o seu amor

Apesar que o senhor

Tem a intenção ditosa,

Porem eu digo de novo

Que a língua desse povo

É ferina e venenosa.

*E quem quer saber de língua

Se ninguém vai nos lamber

Não vamos morrer a mingua

Deixe esse povo saber,

Somos livres e adultos

Que se dane os insultos

Desse povo recalcado

A senhora é honesta

Por isso o que nos resta

É vivermos lado a lado.

-Sendo assim eu aceito

Esse nosso compromisso

Afinal tenho o direito

Para viver tudo isso

Não quero criar mais caso

E vou tirar meu atraso

Com estilo e altivez

Seu José preste atenção

Hoje lhe dou minha mão

E dou fim a viuvez.

Depois dessa conversa

Não é que teve casório

Foram aprontar com pressa

Os papeis lá no cartório

Hoje estão casados

Contentes apaixonados

Longe da monotonia

Acabou-se os deslizes

E assim vivem felizes

Seu José e dona Maria.

-

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 20/05/2018
Código do texto: T6341859
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