Ecos do infinito

Viajei pelo universo

À procura de alguém

Conheci lugar diverso

Onde não tinha ninguém

Conheci alguém perverso

E gente boa também.

Conheci o horizonte

Que jamais vi o final

Conheci o sol brilhante

E o escuro abismal

Tudo isso em um instante

Que pra mim era normal.

Pesquisei o infinito

Indo em busca do além

Sufoquei meu próprio grito

Desisti de mim também

Vi que nada está escrito

E que mágoa não convém.

Fui em frente a não andei

Quis voltar não consegui

Do meu sono eu acordei

Todavia eu não dormi

Nada sei do que estudei

Se estudei, desaprendi.

Pela lança de um soldado

Que do tempo abdicou

Percebi que estava ao lado

De quem muito já matou

Hoje está mumificado

Sem saber o que causou.

Eu ouvi voz estridente

Reclamando sem parar

Se mostrando impaciente

Não parava de falar

Reclamava o sol ardente

E da noite a esfriar.

Vi o sol no horizonte

Mas jamais cheguei a ele

Ele vem de estranha fonte

Cuja força é também dele

Sempre mostra ser a ponte

Para quem quer ir a ele.

Muitos ecos do infinito

São ouvidos na viagem

Alguns são até bonitos

Ditos por camaradagem

Outros são bem esquisitos

Próprios para a rapinagem.

Infinitos são os sons

Escondidos nas muralhas

Muitos mostram gestos bons

Outros são velhas mortalhas

Alguns orquestram os sons

Em sonoras cordoalhas.

Gritos são também ouvidos

Na beleza da orquestra

Alguns deles permitidos

Por uma humilde mestra

Que permite os alaridos

Para quem se defenestra.

Ser chamado de ancião

É sinal de reverência

Se alguém fala em solidão

Logo vem advertência

Mandando estender a mão

Dispensando a sapiência.

Nas conversas amorosas

Dispersas pelo infinito

Há palavras prazerosas

Ditas por alguém aflito

Que não vê nas invejosas

A maldade do que é dito.

As palavras que despontam

Nos confins do horizonte

Sempre para o céu apontam

Como a arma do infante

Sem querer elas descontam

O passar do caminhante.

O labor do sem trabalho

No espaço é compensado

Não há rede de tresmalho

E ninguém pede emprestado

O caminho é sem atalho

O futuro é esperado.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 23/06/2018
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