UM TERMO PARTICULAR EXPLICA OS UNIVERSAIS.
UM TERMO PARTICULAR
EXPLICA OS UNIVERSAIS.
I
Certa vez me perguntaram.
E um filósofo, o que faz?
Respondi: isso depende
Às vezes a guerra na paz
Às vezes paz ante a guerra
Quando em justiça encerra
Por seu discurso eficaz.
II
Assim desde o tempo antigo
Dão-se, aos temas gerais
Como um que partiu dali
Chegando aos medievais
Nos moldes de numa novela
Que se chamou de querela
Dos termos universais
III
Tema que foi objeto
Da in-glória discussão
Travada pelos filósofos
Desde o velho Platão
Na tese do ant-rem
E Aristóteles, a in-rem
Ali não fecha questão
IV
Dando tecidos às mangas
Dos doutos medievais
Como Porfírio e Boécio
Indo aos aspectos gerais
Passaram a bola à frente
Logo sai pela tangente
Quanto aos universais
V
Dizem não estar seguros
Da essência ou natureza
Que tem os universais
Uns exageram certeza
Dentro de um realismo
Outros no nominalismo
Sem esboçar a clareza
VI
Com isso muitos filósofos
Vem conduzindo o fardo
Muito além do século doze
Do grande Pedro Abelardo
Sem que os universais
Achem de fato os pais
Para esse filho bastardo
VII
Hoje o professor Soares¹
Ascendeu a discussão
Que trata os universais
Nos filósofos de plantão
Nisso um aluno² responde
Que o desfecho se esconde
Dentro da própria questão
VIII
Dos termos universais
De um modo particular
Como a essência das coisas
Nas coisas vão se encontrar
Em comum na realidade
Homem e humanidade
Junto em si no singular
IX
Instanciados nas formas
Pelos meros acidentes
No mundo material
Em si estão diferentes
Do ant-rem na potência
Que os nivela em essência
Nos ramos correspondentes
X
Pois cada espécie do gênero
Guarda uma propriedade
Com substancia comum
Que mostra a realidade
Precedendo o condão
Do nome com a razão
Faz-se a coisa de verdade
XI
Que se permite dizer
Fazendo uma distinção
Que cavalo só é homem
Nas falácias ou invenção
De um sofista rapsodo
Que exala seu engodo
Despido pela razão
XII
Engendrando um unicórnio
Nas tábuas da sua mente
Chega ferindo os princípios
De um silogismo cogente
Por não haver substância
Perde a sua importância
Essa coisa inexistente
XIII
Pois esse bicho estranho
Não há no mundo ideal
Ainda que tenha nome
Sua instancia é literal
Sem a sólida matéria
Da voz fútil e deletéria
Fez-se o aborto nominal.
XIV
Concluindo o discente
Longe de ter pretensão
De resolver o problema
Posto ali como questão
Devolve a quem de direito
Telmir, com todo respeito!
Universais, o que são?!.
XV
É só uma locução?
Adjetivo formal?
Ou de fato é uma coisa?
Que há no mundo real?
Tem substancia e essência?
Transcende a aparência?
Do mundo material?
XVI
Enfim, não leve a mal
Este eterno aprendiz
Da arte de ser filósofo
Não arranque esta raiz
Que ainda existe em mim.
Pois qual Mestre obra assim,
Feito um medíocre infeliz?
Fim.
¹Soares, Teimir de Souza. Professor Doutor em Filosofia.
²José Lucena de Mossoró. O Marle, que não é “Marley”, nem muito menos o “Bob”. Uma vez que, tem consciência, da sacralidade do seu nome, no ant-rem, existindo.