O ESPAÇO DO INFERNO OU A VOLTA AO PARAÍSO

Peço licença aos leitores

Que gostam de ler versado

Para expressar o sufoco

Em que muitos tem passado

A desgraça que é andar

Em coletivo lotado.

Principalmente no norte

Que no inverno é um “forno”

Junta com o calor humano

Então pedimos socorro

Será que o tal coletivo

É para castigar corno?

É um calafrio na espinha

E o suor escorrendo

Gente encostado em gente

O cc fica horrendo

Tem horas que a impressão

É de que estamos morrendo.

Ninguém olha pra você

Se está com algo na mão

Cada qual com sua cruz

Preso naquele vagão

Velho, grávida e criança

Sofrem a mesma aflição.

Em um espaço pequeno

Se faz um “bolo” de gente

Todos unidos em um

Porém todos diferentes

Mesmo juntos e misturados

São solitários carentes.

Pois dentro de um coletivo

Cria-se um grupo ligeiro

Mas cada um em seu mundo

Ali são todos “estrangeiros”

Entretanto formam um grupo

Um grupo de passageiros.

E quando um “filho do cão”

Inventa de liberar

A famosa flatulência

Não gosto nem de pensar

Pois vira um deus nos acuda

Só tem um jeito: cheirar.

Queima o cabelo da “venta”

O cérebro chega a dar nó

O suor louco escorrendo

Do pescoço ao rabicó

E assim se vai pensando

Que não aconteça o pior.

No coletivo encontramos

Por muitas vezes a morte

Vem o tal do assaltante

E escapamos por sorte

E nesse inferno vivemos

Sobrevivendo o mais forte.

Enfim o fim da viagem

Em nossa bendita parada

É como nos libertar

De uma prisão fechada

Banhar e depois dormir

Uma noite sossegada

No outro dia cedinho

Começa tudo de novo

Entra no tal coletivo

Para começar o jogo

No vai e vem do inferno

Assim é a vida do povo.

Mas para o reles mortal

Que não tem família rica

Para o lado que pender

O coitado se estrupica

Quem é pobre não toma mel

Vive com a boca no fel

E cada dia pior fica.

Joel Marinho