Um fato

“Enfiou no homem a faca”

A notícia se espalhou.

A Campanha assim empaca

Pelo clima que gerou.

Um sujeito foi contido,

Por pouco não foi linchado,

E no camburão metido

Pela polícia levado.

Confessou ao delegado

Cumprir a missão divina

De calar o candidato

Por ser esta a sua sina.

Houve especulação

Se era fato ou boato

Ou talvez fosse armação

Por parte do candidato

Que o armamento pregava

Em discurso eleitoral

E à muita gente assustava

Seu tiroteio verbal.

Ao hospital foi levado

Tinha o rosto contraído

Um pano branco e lavado

Tapava ao redor do umbigo.

Era coisa muito estranha

Não verter uma sangria

Seria alguma patranha?

Pois disso não morreria!

Agora bolso embolsado

Pela tal colostomia

Da campanha é afastado

Ora, pois, que ironia:

Propunha armas de fogo

Para qualquer cidadão

Mas entrou mudando o jogo

Um biruta de plantão

Disfarçando se avizinha

E em jornal embrulhada

Traz a faca de cozinha

Dando-lhe a estocada.

Cai gemendo o candidato

No meio da multidão

E tudo isso filmado

Chegou à televisão.

Se foi armação lastimo

Esta a minha opinião

Pois tão grande desatino

Merece reprovação.

Pondo em risco a própria vida

Pra ganhar uma eleição

Deixa a gente ressabida:

O que faria à Nação?