Caminho do amanhã.

Repeti milhões de vezes

Que não vou mancomunar

Não importa quantos meses

Eu terei de suportar

O falar dos camponeses

Que desejam me exaltar.

O desejo que eu falo

É desejo de vingança

É porque eu não me calo

Ante tanta intolerância

Para alguns eu nada valho

Mas não perco a esperança.

Sou um pobre sem destino

Sem um lar, sem a família

O que sei sobre o ensino

É fazer barco sem quilha

Do meu sonho de menino

Resta uma pequena ilha.

Essa ilha não tem preço

Nela está a minha sorte

Se eu tenho o que mereço

Vou saber depois da morte

Mas paguei um alto preço

Por tentar fingir de forte.

Fiz a minha oligarquia

Num palácio de brinquedo

Nele entrou quem não devia

E se manteve por medo

Disse que me mataria

Se eu a chamasse cedo.

Eu segui o meu caminho

Sem pensar em recompensa

Tentei ser um bom vizinho

Franqueei minha despensa

Vivendo a vida sozinho

Vi que a vida não compensa.

Esperei a minha vez

Pra falar algo ocorrido

Alguém disse que não fez

Porque estava escondido

E pra não ser descortês

Eu fingi ter entendido.

No final a recompensa

Que ganhei por ser leal

Foi ouvir que a avença

Estava no seu final

E de toda malquerença

Fora eu o grande mal.

Revistei o meu passado

Pra fazer uma limpeza

Ver aonde tinha errado

Qual fora a minha torpeza

Sobre o que tinha falado

Eu tinha plena certeza.

Consegui mudar de vida

Pra tentar me corrigir

Enfrentei a minha lida

Num eterno transigir

No fim com a luta perdida

Eu não tinha aonde ir.

Tive o meu corpo marcado

Pela dor do abandono

Por nunca ser perdoado

Vivi como um cão sem dono

Mas ganhei no outro lado

Cama e noite de sono.

Eu limpei o meu castelo

Esperando quem viria

Usei prego e um martelo

Pra fazer o que eu queria

E depois tendo o rastelo

Nada mais precisaria.

Fui até a cachoeira

Pra tomar água corrente

Olhei a espreguiçadeira

Vi que estava resistente

Coloquei nela a canseira

Que estava bem presente.

Vi a espreguiçadeira

Com um brilho diferente

Essa foi a vez primeira

Que a vi tão reluzente

Mas não foi a derradeira

Porque é obediente.

Vi que nada vale a vida

Tudo nela é esperança

Alguns param na subida

Pra dizer que a vida cansa

Outro espera na descida

Pra dizer que não descansa.

Dessa forma a vida segue

Cada um na sua estrada

Mesmo que alguém o negue

Isso é parte da jornada

Poucos são os que conseguem

Ir em paz na caminhada.

Nossa estrada é o caminho

Que nos leva ao amanhã

Cada um segue sozinho

Sem falar palavra vã

Só ocupa o seu cantinho

quando achar a alma irmã.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 15/09/2018
Código do texto: T6449183
Classificação de conteúdo: seguro