SAUDADES DA MINHA ROÇA

A casa era grande e branca,

E tinha na frente um terreiro.

Bem perto a sombra franca,

De um Flamboyant altaneiro.

Cujas flores muito vermelhas,

Caiam no chão e nas telhas,

Era um jardim sem canteiros.

No quintal um pé de jasmim,

Com flores brancas cheirosas.

Formando um outro jardim,

Com cores e cheiros de rosas.

De um lado um pé de Moreira,

Mais a frente um de gameleira,

Árvores tão belas e frondosas.

E o vento sobrava bem forte,

Balançando o pé de juazeiro.

Vinha das bandas lá do Norte,

Antes a chuva trazia o cheiro.

E as folhas secas no estradão

Dançavam sobre aquele chão

Sujando o quintal e o terreiro.

No roçada a terra preparada,

Esperando uma chuva mansa.

Más se viesse com trovoada,

Não deixaria de ser bonança.

Águas molhando nossa terra,

A névoa branca sobre a serra,

Trazia as nossas esperanças.

Era doce sentir aquele cheiro,

A terra seca ficando molhada.

Ver no céu escuro o nevoeiro,

Águas correndo na enxurrada,

Ouvindo o ressoar dos trovões,

Vendo relâmpagos em clarões,

E as poças de água na estrada.

Depois o sol declinava tão lento,

Fim de mais uma tarde chegava.

A brisa vinha na calma do vento,

Para a noite que se aproximava.

Trazendo estrelas tão brilhantes,

De luzes e mundos tão distantes,

Para o sertão que me encantava.

Uma sublime prece subia aos ares,

Buscando a luz e o amor de Deus.

“Ilumina oh!Senhor todos os lares”

“E as vidas de todos os filhos teus”.

E com aquela bendita fé que salva,

Pensando na luz da estrela d’alva,

Eu adormecia com os sonhos meus.