Cordel desencantado

E não é que Jesus Cristo

Apareceu como ele era?

Em uma zona, ele foi visto

Conversando com uma puta

Que tinha cara de quimera

Doce menina ela era

De sofrimento e de luta

Rodeado de maconheiros,

De petistas, de sem terra,

De sem armas, de sem guerra

Sem amigos e sem teto

Nem parecia ter raça

Bebia cachaça de graça

Sem açúcar e sem afeto?

Jesus era negro e alto

E eu acho que vi direito direito

Tinha descido do salto

Tinha u'a cicatriz no peito

Nunca pisara no asfalto

Vai visitar o planalto

E o cara que for eleito

Dizer palavra que soa

Que é pra alertar o sujeito

Que ele não morreu á toa

Pra gente tá desse jeito

Que vai vigiar a pessoa

Que da arma a quem caçoa

Ferir de novo seu peito

Ele estava desarmado

E falava de degredo

A cara era de cansado

Pois tava lá desde cedo

Falou da vida de gado

De um povo desesperado

Que não precisa ter medo

Pra pobre puta e viado

Falou, que se for preciso,

Pra gente dá esse recado;

Constrói mais um paraíso

Pra por o pobre coitado

Bem longe do endinheirado

E deu um largo sorriso...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 24/10/2018
Código do texto: T6485446
Classificação de conteúdo: seguro