O três oitão

eu estava trabalhando

cuidando da obrigação

quando vi alguém correndo

bem na minha direção

não conheci o sujeito

mas juro, eu vi direito,

ele estava com um três oitão

fiquei muito apavorado

joguei a caneta pro lado

pra socorro ir procurar

nem sabia o que fazer

com medo d’ele me ver

e sob a mesa fiquei

esperando a bala passar.

depressa eu disse à chefia

que na área tinha um ladrão

e ela morrendo de medo

conferiu e me deu razão

ligou logo pra polícia

dizendo que estava vendo

um cara com um três oitão.

que o sujeito mirava a arma

bem na nossa direção

era assim que ela dizia

ao policial de plantão

e concluía afirmando:

ele parece o capeta

armado com um três oitão.

a criançada na rua

não parava de correr

e nós, tremendo de medo,

sem saber o que fazer

rezava pra todo santo

com uma vontade danada

de fugir pra não morrer.

o cara fazia gestos

como quem ia atirar

se abaixando e levantando

não parava de nos mirar

e nós, de cabelo em pé,

quase morrendo de medo

sem se mexer do lugar

de repente alguém gritou:

“calma, aquilo é só diversão”,

são uns moleques brincando

de polícia e de ladrão

só não deu tempo de desdizer

ao que antes se havia dito

ao policial de plantão

logo, logo as sirenes

não paravam de gritar

era a polícia chegando

pra por ordem no lugar

e não vendo nenhum ladrão

me chamaram de bobalhão,

abestalhado e vulgar

o vexame foi dos grandes e

espero ninguém passar

quem quiser brincar assim

que procure outro lugar

pois passei muita vergonha

com aquele montão de tirar

querendo me caçoar

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 29/10/2005
Reeditado em 09/12/2016
Código do texto: T65041
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