DE MARIANA A BRUMADINHO, GANÂNCIA E CORRUPÇÃO

Eu não sou religioso
Nem fico em pé em Igreja
Não critico quem tem fé
Nem fico a fazer peleja
Acredito no sagrado
Que o ser humano almeja.

Nesse momento de dor
Em que todo o Brasil chora
Bata quem bate tambor
Ore aquele que ora
Reze as preces a Jesus
A Buda ou nossa senhora.

Brumadinho sucumbiu
No meio do lamaçal
Chamado corrupção
Que "ninguém viu" afinal
Agora um acusa o outro
E outro diz que é normal.

Voa agora o presidente
Junto com o governador
Prometendo tantas coisas
Mas agora sem valor
Pois nenhum dinheiro paga
Aos parentes tanta dor.

Culpar os dois eu não vou
Pois eles chegaram agora
Porém a tal negligência
Dos governos de outrora
Com seus órgãos "competentes"
Veio à tona nessa hora.

Os jornais que noticiam
Falam em grande acidente
Eu usaria outro termo
Isso particularmente
Para mim um holocausto
Daqueles bem indecente.

Pois desde o de Mariana
Todo mundo já sabia
Os riscos que Brumadinho
De perto também corria
Igual a roleta russa
Que a morte anuncia.

Ao invés de providencias
Para maior segurança
Liberaram a empresa
Continuar com a matança
Destruindo tantas coisas
Movidos pela ganância.

Quantas vidas foram embora
Quantos sonhos destroçados
Quantos pais que já não tem
Os filhinhos ao seu lado
Quantos filhos ficaram órfãos
Nesse mundo "abandonado".

Quantos destinos parados
Por conta da incompetência
Quantos agora são preso
Pela sua consciência
Por ver tanta gente morta
Movidos pela insolência.

Afinal quanto é que vale?
A Vale e sua bonança
Que tem o sangue nas mãos
Que ceifou tanta esperança
Bilhões de dólares no mundo
Trilhado pela ganância.

Mas não culpo só a Vale
E o tal capitalismo
Culpo a nós seres humanos
Que perdemos o juízo
Com o salve-se quem puder
Sem medo do prejuízo.

Mas vamos parar um pouco
Do holocausto lamentar
Ore aquele que ora
Reze quem puder rezar
Pois todo conforto agora
Será bem vindo pra lá.

Tomara que Brumadinho
Sirva agora de alerta
Já que o de Mariana
Foi só uma porta aberta
Porém fecharam ela logo
Com alguma grana coberta.

Não que eu esteja acusando
Mas não há explicação
Como que foi liberado
Qual foi a avaliação?
Se todos técnicos sabiam
Que ia estourar o chão.

Agora ficam jogando
Um ao outro o compromisso
Ninguém assume a culpa
Em torno do tal serviço
E onde estava o IBAMA
Da empresa submisso?

Enfim meus caros amigos
Ajudem como puder
Seja até com oração
Coloque um pouco de fé
Doe se puder doar
Mantenha esse povo em pé.

A dor que estamos sentindo
Só como seres humanos
Não passa nem de pertinho
O que os parentes estão passando
Imaginem a dor de uma mãe
Ao seu filho esperando.

Esperamos punição
De uma forma exemplar
Que não seja esquecido
E o governo deixe pra lá
Que a Vale tenha bonança
Porém sem tanta ganância
É o que queremos acreditar.

JOEL MARINHO