“PELUDO” O COELHINHO SAPECA!!!
Coelhinho sapeca
Levado da breca,
Vive na charneca,
Junto ao matagal
Nesse campo aberto
Sem ninguém por perto
Estás muito certo
Dou-te o meu aval.
Teu nome é “Peludo”
Fofinho, felpudo,
Igual ao veludo,
Conténs maciez,
Fogoso, parola,
Sutil gabarola
Excede, extrapola,
É a bola da vez.
Coelhinho mimoso,
Bonito charmoso
Mansinho, dengoso,
De tudo um pouquinho,
Arteiro, sagaz,
Astuto, tenaz,
Turrão, contumaz,
Ordeiro e bonzinho.
Na vida intranquila
Nem sequer cochila,
Também não vacila,
És espertalhão,
Coragem te sobra
Pra qualquer manobra
Fugindo da cobra
Ou do gavião.
A raposa astuta
Que mora na gruta,
Trava uma disputa,
Para te pegar,
Naquelas entranhas,
Com tuas façanhas
Com tretas e manhas,
Sabes te livrar.
Mesmo o ser humano
Maldoso e tirano,
Tende a causar dano
Ao teu bem-estar,
Com instinto ingrato,
Aquele insensato,
Vive a dar maltrato
Ao teu habitar.
Mas, se alguém te ataca,
Nem sequer afraca!
Qualquer arataca
Que ver desconfia,
Seja uma arapuca,
O fojo, a cumbuca,
Ou mesmo a bazuca,
Evita e desvia.
Cachorro te caça,
Gato te ameaça,
Mas ficam sem graça,
Porque és matreiro,
Se um deles arrisca
Um bote, nem trisca,
Qual uma faísca
Tu foges ligeiro.
Entras na lavoura
Buscando cenoura,
Qual uma tesoura
Cruza as orelhinhas,
As tuas passadas,
São bem calculadas,
Contra as emboscadas
Fatais e daninhas.
Zelas cada fio,
Do pelo macio,
Sequer sentes frio,
Com a densa pelagem,
De cada filhinho,
Cuidas com jeitinho
Dedica carinho
Na tosca estalagem.
Na relva macia,
Na mata sombria,
A comedoria
Tu vais procurar,
O capim verdinho,
O fruto fresquinho,
Colhe ligeirinho,
Pra saborear.
A tua ninhada
Que fica entocada,
Aguarda calada
A mamãe voltar,
Ela vem com jeito
Deita-se no leito
E oferece o peito
Pra todos mamar.
Depois da mamada
Fica ali deitada,
Bem acompanhada
Pelas suas crias,
Uma prole bela
Que depende dela,
Pra guarda e tutela
Nas noites e dias.
Coelhinho pequeno
Teu jeitinho ameno,
Suave, sereno,
Só causa prazer,
A tua esperteza
Com toda certeza
Vem da natureza
Pra te proteger.
Quando o vento açoita
Procura uma moita,
Que tão bem te acoita,
Ofertando abrigo,
Na singela fronde
Ali se esconde,
Sem saber de onde
Provém o perigo.
Tu és engraçado
Desembaraçado,
Tão desconfiado,
Mas isso faz bem,
Pois por essas trilhas
Que tanto fervilhas,
Muitas armadilhas
Traiçoeiras têm.
E por segurança
Não dê confiança
Nem mesmo a criança,
Que se aproximar,
Pois por trás do vulto
Inocente, inculto,
Tem sempre um adulto
A lhe orientar.
Ao vê-lo coelhinho!
Saia de fininho,
Bem devagarzinho,
Pra te defender
Desses predadores
Que são impostores,
Vis, destruidores,
Fazem-te sofrer.
Coelhinho, a vida,
É bem divertida,
Bela, extrovertida,
Deve aproveitá-la,
Mas tome cuidado!
Com o rival malvado
Que está preparado
Para eliminá-la.
A cena bonita
Do bosque, te incita!
Porém a desdita,
Pode se ocultar
Por trás das ramagens,
Nas belas folhagens,
E com sabotagens,
Vir prejudicar.
Coelhinho eu suponho
Que o teu belo sonho,
É viver risonho
E feliz, mas enfim,
Os seres daninhos
Cruéis e mesquinhos,
Trazem desalinhos
Pra ti e pra mim.
Espero coelhinho!
Que o nosso caminho
Não contenha espinho
Só frutos e flores!
Com retas estradas,
Sem curvas fechadas,
E sem emboscadas
Que nos causem dores.
Que finde a maldade
E a felicidade
Com sua beldade
Consiga reinar,
De forma irrestrita
Eterna, infinita,
Bem-vinda e bendita,
Pra nos amparar.
Coelhinho lindo!
Meu versejar findo,
Alegre e sorrindo,
Cheio de prazer,
Veja em meu cariz
Como estou feliz!
Porque tudo fiz,
Pra te defender.
Carlos Aires
20/02/2019