Marido traído

Seu João era homem da roça

Era o João roceiro por obrigação

Casado com mulher nova da cidade

Bonita e bem cuidada, uma santidade

Mas como toda moça nova era danada

O que não era segredo pro povão

Mas mantinha a danada no cabresto

Tinha de cumprir seu papel de marido

Levava a mulher, até pra pescar

Dela não podia se descuidar

Porque a cabrita era bonita

E de bodes, estava cheio o lugar

Mas a bonita cansada desta vida

Pediu um dia pra ficar

A cabeça do marido, começava a coçar

Deixou os caseiros todos avisados

Mandou que lhe fossem de perto vigiar

O que não impediu a moçoila de aprontar

Um dia chegou em casa mais cedo

Levando um cravo pra Rosa

Engomado num terno branco

Que nem o trote do cavalo pôde amarrotar

Entrou em casa esbaforido

E pôs-se a chorar

O caseiro saiu voado ligeiro

Ralando na cerca, o traseiro

O corno não se queria segurar

A mulher tinha um olhar matreiro

O corno se punha a pensar

Como Rosa lhe pôde chifrar?

O corno, virado no cão do inferno

Botou o cravo na lapela do terno

A mulher, pelada sorria

Não se conformava ainda

Que o marido lhe pôde pegar!

Surripiou a peixeira, ameaçou se matar

Tenho que ter dois disso, pra lhe satisfazer?

Dizia o corno a apontar

Aquilo de que a mulher atrás corria

Que diabo pensa essa vadia

Que rapariga é essa mulher minha

Não para um segundo na calcinha!

Flávia Jobstraibizer
Enviado por Flávia Jobstraibizer em 01/11/2005
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