COISINHA LINDINHA.

A coisa mais linda é

Uma moça acanhada

A bochechinha cavada

Um chinelinho no pé

Bracinhos de cafuné

Uma cinturinha pouca

Uma voizinha bem roca

O dedo bem miudinho

Escondendo o risinho

Com a mãozinha na boca.

E quando tem no olhar

Um brilho bem safadinho...

Rapaz eu fico doidinho

Com o peito a chocalhar

A alma chega a talhar

Vendo essas andorinhas

Balançando as trancinhas

Enfeitadinhas de fita

Amarradinhas com chita

Salpicadas de florzinhas.

Eu me derreto todinho

Quando vejo uma assim

Passeando no jardim

Brincando com passarinho

O olho apertadinho

Narizinho de confeito

Um anjozinho perfeito

Distraída, sorridente

Menininha inocente

Com medalhinha no peito.

Bolsinha toda rendada

Com um chaveirinho rosa

Caminhando vaidosa

Nucazinha perfumada

Caboclinha flor mimada

Do dentinho de mussambê

Indo para a matinê

Pinicando no passinho

Remexendo o corpinho

Num vestidinho godê.

É a mais doce candura

Quando diz o nomezinho

Vermelho fica o rostinho

Feito tomate madura

Merece uma moldura

Essa linda capetinha

Da boca pequenininha

Com um risquinho de batom

Queixinho de sabor bombom

Com furo de caçimbinha.

Sobrancelhinhas riscadas

Bem acima da pestana

Carinha de porcelana

As orelhinhas furadas

Duas pedrinhas coradas

Nos brinquinhos delicados

Dois lacinhos nos calçados

Adornando os pezinhos

Como se fossem dois ninhos

De pombinhos emplumados.

Não tem coisa mais bonita

Que uma bela brejeira

Cheirando a laranjeira

Quando a folha agita

Trajando seda ou chita

Cambraia ou sianinha

Sempre será a rainha

A rendeira, a cabrocha

Labaredinha de tocha

Brasa da minha cozinha.

Ombrinhos cheios de sardas

Pintando sua figura

Cangaceira de ternura

Gengivinhas encarnadas

Olhinhos cor de mostardas

Serenos e cintilantes

Carocinhos de brilhante

Xamego, dengo e viço

Bruxinha do meu feitiço

De desejinhos picantes.

Eu me sinto encantado

Com o vento em moinhos

Soprando os cabelinhos

De cacho arredondado

O pescocinho suado

feito barriga de pote

Mormacinho de fricote

Abanando os seinhos

Parecendo dois coquinhos

Escondidos no decote.

Viva a mãe que te pariu

E o pai que por te zelou

O bercinho que tu chorou

O ouvido que te ouviu

O leitinho que te nutriu

Aumentando teus passinhos

Viva os anjos todinhos

Que pra tua boca trouxe

Dois bagos de lábios doce

Pra me matar com beijinhos.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 19/03/2019
Código do texto: T6602238
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.