DESABAFO DE UM ENAMORADO

Eu não sou correspondido

Tenho um coração sofrido

Por amar quem não me quer

Vejo o meu tempo passando

Cada vez mais vou ficando

Distante dessa mulher.

E eu que já fiz de tudo

Até fiquei surdo-mudo

Pra chamar sua atenção

Mas juro que mesmo assim

Ela só zombou de mim

E outra vez disse não!

Vou vivendo por viver

Não sei mais o que fazer

Para tê-la nos meus braços

Ai essa dor que me dói

Que nesse meu peito mói

Meu coração em pedaços.

Embora não sendo amado

Continuo apaixonado

Loucamente sem medida

Dure o tempo que durar

Não me canso de esperar

Nem que demore uma vida.

Quem espera sempre alcança

Cada dia a esperança

Acende meu coração

O que dizem não me importa

Só pensar nela conforta

Minha doce solidão.

Nem que eu morra de tristeza

E nem por toda riqueza

Dela não vou desistir

Os nãos que já recebi

Neles me fortaleci

Por isso devo insistir.

Meu sentimento é profundo

Não há nada nesse mundo

Que se possa comparar

Nem as flores, nem as rosas,

Nem os versos, nem as prosas,

Nem a noite de luar.

Alentar o coração

Que seja lá de ilusão

Carece se encorajar

Por maior que seja a dor

Suportá-la em desamor

É ver a vida passar.

Só o tempo pode dizer

Se vale apena correr

O risco de uma paixão

Alguém já pensou assim

Que todo esperar é o fim

E só traz desilusão.

O sujeito deslumbrado

Fica todo abobalhado

Hilariante, feliz!

Fala pelos cotovelos

Não dá bola pra atropelos

Tampouco pro diz que diz.

Diante de um espelho

Está ali um fedelho

Que se diz enamorado

Pensa ele que está pronto

E se joga no confronto

Como sendo o bem-amado.

Tudo que propõe fazer

Em primeiro tem que ser

Destinado para alguém

Deixando o fica de lado

Atraído no encantado

Daquele feliz meu bem.

São o apego e o poder

Para sempre querer

Pra que seja o todo amado

Escrita uma história fica

Cá no presente se aplica

Para depois virar passado.

Assim sendo o tempo gira

Cada vez mais se admira

A beleza tal e qual!

Coração fica latente

Obedece e segue em frente

Eterno e sentimental.

Até parece que existe

Um destino que persiste

Tantas vidas controlar

Esse tal juiz de outrora

Julgou-me e foi-se embora

Para nunca mais voltar.

No badalar da emoção

Por que, motivo e razão

Questionando lá se vou?

A resposta encontrada

Ficara na mesma estrada

Que por mim já se cruzou.

Recordações são imensas

Como também inda tensas

Latejando no meu “eu”

Não quero mais revivê-las

Preciso logo esquecê-las

Passado pra mim morreu.

Devo seguir meu destino

Mesmo sem rumo e sem tino

Afora nesse mundão

Quem sabe um dia talvez

Eu tenha chance outra vez

Aquietar meu coração.

Tudo pode acontecer

Hoje, amanhã, pode ser

O futuro é imprevisível

Nada se está garantido

E nem tudo está perdido

Na vida tudo é possível.

Disse-me assim certo alguém

E ninguém é de ninguém

Ou seja, ele, ou seja, ela

Para mim não tem sentido

Viver no mundo escondido

De si mesmo sentinela.

Carão daquele sujeito

Tocou-me de certo jeito

Aliás, me fez pensar

Porém naquele momento

Falou alto o sentimento

Me ponho a interrogar.

Eu como queria tanto

Até roguei pro meu santo

Ajudar-me a decidir

Minha paixão foi mais forte

Fiquei sem chão, sem suporte,

Lágrimas vêm a cair.

Não tive força o bastante

Para seguir adiante

Com aquela insinuação

Porém assim me queixei

Onde foi que eu errei?

Eis-me aí a questão.

Ali me silenciei

E para mim confessei

Sobre minha situação

Toda dúvida que eu tinha

Disse-me uma voz baixinha

Escute seu coração.

No mesmo instante acatei

Densamente suspirei

Aliei meu pensamento

Para mim assim eu disse

Levarei para a velhice

De lá pro sepultamento.

Fiz de tudo pra esquecer

Até pedi pra morrer

Tal paixão em mim nasceu

Abobado por demais

Não me atentei aos sinais

O bocó aqui fui eu.

Por que agora me queixar?

Deixa a vida me levar

E seja lá como for

A cada segundo e instante

Tenho que ir adiante

Vivendo sem esse amor.

Se hoje vivo carrancudo

O culpado disso tudo

O dito-cujo sou “eu”

Pobre do meu coração

Que lhe deu toda atenção

Nada em troca recebeu.

Não vou mais me resmungar

Só quero me aquietar

Planejar a minha vida

Isso foi o que pensei

Nada do que imaginei

Para mim teve saída.

Esse gostar bem-querente

Enraíza-se na mente

Mexe com o coração

E dá dor de cotovelo

Insônia e pesadelo

Deixa o moço bobalhão.

Desligar dessa paixão

Eita! Não é fácil não!

Não sei mais o que fazer

Quem sabe talvez um dia

Acabe a minha agonia

Em paz eu posso viver.

Se for esse o meu destino

Desse amor ser peregrino

Deixo lá nas mãos de Deus

Agora bola pra frente

Mesmo sendo confidente

Dos longos queixumes meus.

FIM

Francisco Luiz Mendes
Enviado por Francisco Luiz Mendes em 01/05/2019
Código do texto: T6636987
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