DESEMPREGADO AOS 40

Na ociosidade em que eu vivo

Há muito tempo sem trabalhar,

Sem ter uma rotina, um emprego

No qual eu possa me ocupar,

Pergunto-me o que faço aqui.

Muitas coisas me fazem refletir

Sobre a vida que vivo a levar.

Logo pela manhã, ao acordar

Vou consultar a minha agenda.

Sem nada pra fazer, o dia inteiro,

Uma despreocupação tremenda.

Limpo o quintal, varro calçada,

Não fico à toa, sem fazer nada,

Embora isso não resulte renda.

Mente vazia é oficina do diabo,

Diz um antigo ditado popular.

Na falta de um emprego formal,

Coloco a mente para funcionar.

Faço “bicos”, escrevo poemas,

Isso não resolve meus problemas,

Mas até ajuda o tempo a passar.

De que adianta ter formação

Em nível técnico e superior,

Se não consigo um trabalho

Em qualquer área que for.

Sou um pau para toda obra,

Apesar de que a saúde cobra,

Uma coluna que me causa dor.

Não procuro cobrar do meu país,

Inclusive, dos nossos governantes

Pela crise que assola este Brasil,

Onde o desemprego é constante.

Nessa minha vida de comodismo,

Falta-me certo empreendedorismo

Que já tive num passado distante.

Deixei-me levar pelo tempo

E brinquei mais do que devia.

Nos trabalhos por onde passei

Sempre lutei pela “mais valia”.

Patrão de mim, jamais gostou,

E assim, a minha vida passou,

Trazendo a experiência em dia.

Com um histórico na carteira,

O bom profissional sempre rende.

Mas, após os quarenta, fica difícil

Nem mesmo a família compreende.

Problema igual que o jovem retrata,

Sem experiência, não se contrata;

E sem ter chance, nunca aprende.

Sem uma responsabilidade na vida,

Um homem não tem o que contar.

Só uma preocupação, uma dívida

E até uma mulher para lhe chatear

É o que transforma o seu destino.

Um homem não passa de um menino

Se não tiver com o que se preocupar.