A saga de Zé Manel

I

Eu me chamo "Zé Manel"

E gosto de vaquejada,

Pego também boi na mata

Mesmo que seja fechada.

Gosto de divertimento,

Qualquer parada eu enfrento

Depois canto uma toada.

II

Não visto roupa de pano,

Só meu gibão de vaqueiro;

Gosto de pegar boi brabo

Por cima do taboleiro;

Abro vereda na mata

Revirando quebra-faca,

Mororó e marmeleiro.

III

Aqui na fazenda baixa

Já vim uma vaquejada,

Botei num garrote brabo

Dentro da mata fechada;

Ele deu tanto pinote,

Que parecia um caçote...

Eita peleja danada!

IV

Foi uma carreira doida,

Com muito mato quebrado;

O terreiro de jurema,

Ficou todo arregaçado;

Quanto mais ele corria,

Na traseira ele sentia

O meu cavalo encostado.

V

Em terreno pedregoso

Com descida e grotilhão,

Perigando de o vaqueiro

Vir se esborrachar no chão.

Mas o cavalo corria

Parecendo ventania

Nas quebradas do sertão.

VI

Depois de trezentas braças,

Muita vergonta a quebrar,

Foi que eu encontrei um jeito

Do rabo dele pegar.

Antes de um fundo grotão

Bati com ele no chão,

Tratei logo de saltar.

VII

Muito mais do que ligeiro

Sua cabeça eu rodei;

Levantando a pata dele

No pescoço eu escanchei.

Depois desse rebuliço

Continuei meu serviço

Nele a careta botei.

VIII

Assobiei meu cachorro

Que tinha ficado atrás,

Ligeirinho ele chegou

Como um companheiro faz.

Dei cheirada no rapé,

Botei o garrote em pé

E toquei ele pra trás.

IX

Essa carreira que dei

Nunca mais foi esquecida,

E o perigo que passei

Arriscando minha vida.

Mas vaqueiro destemido

Por Deus não é desvalido,

Tem a saga protegida.

X

Deus abençoe a vocês

Que aqui vieram brincar;

Agradecendo a atenção

Da minha história escutar.

Que a Virgem do Patrocínio

Mostre a vocês o caminho

Que Jesus vai nos salvar.

***

Autores:

Zé Manel, Almeida e Ritemar. 28/5/2019

Jarrê, Zé Manel e J.J. Almeida
Enviado por Jarrê em 12/07/2019
Reeditado em 12/07/2019
Código do texto: T6694418
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