O CERRADO TÁ QUEIMANO
 
 
Cumpadi, me acódi eu,
Que vivo  cá em Brasília.
Aqui nunca mais choveu
Vou mudá ca mia familia.
Lá no mei da Isplanada
Um burro foi interrado,
E a secura marvada
Queima o mato do cerrado.
 
Eu acho que para o ano
Num vô tá aqui mais não.
Tá todo mundo se assano
Neste forno de assá pão.
Cumpadi muitio brigadu,
por esclarecê o santo,
Mais sem chuva mi diságuo
É que a aflição é tanto.
 
Ocê que é rezadô,
Cum santos tem amizade,
Fale prelis, pur favô
pra di nóis tê piedade.
Nun agüento essa sicura
Nem uma nuvem no céu,
Já tá mi dano gastura
Vô rezá pra São Miguel.

Se ele num manda chuva
Vai fazê uma romaria,
Cum os anjos da sua turma
Pra devorvê alegria.
Brasília é só secura,
É pur causo do Congresso,
Elis assa muita pizza,
Com as tramóia de sucesso.
 
Tudo in vorta fica quente
mais é pur causu du fôrno,
Tú sabe que aquela gente
É tudo um bando de côrno.
A Pizza ali é assada
Dia e noite, noite e dia,
Rola una grana danada
E deles faz a aligria.
 
No dia que aqui chuvê,
Vai apagá o brasêro,
Dessi bando di fii d'égua
Como um chute no trasêro.
Si san Pedro ajudá,
acabá cum a safadeza
A chuva vai nus lavá,
Vai vortá a tê beleza.
 
Obrigadu dus santins
e  respectiva função,
Só fartó o San Longuim
Tu num cunhece ele não?
Um abraço a vosmicê
Vô continuá orando,
Esperano pra chuvê
Pra vê tudo inverdejando.
 
 
Um cordel improvisado com os comentário que fiz na Escrivaninha do cordelista Airam Ribeiro
 
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 29/09/2007
Reeditado em 30/09/2007
Código do texto: T673716
Classificação de conteúdo: seguro