Veni, Vidi, Vici

Retrato o momento de agora

Quando em novo ciclo de vida

Refletindo tempo de outrora

Em que já havia curado a ferida

De novo fazer recomeço

Sem nome, sem marca, sem preço

Sem ninho, amor ou guarida

Vim de lá do Nordeste

Por dever de ofício hostil

Sem semblante de cabra da peste

Sem revolta, reclamo ou fuzil

Só um servo a exercer docilmente

Com o vigor do que tenho na mente

Construir o melhor pro Brasil

Foi bradando e chorando por dentro

E contando encontrar desafio

Que os outros não tinham ousado

Dizendo contar com meu brio

Mas de fato o que vi não foi isso

Ambiente disperso e omisso

Negligente e voraz, arredio

Vi que poucas ideias fluíam

Sob efeito da desgovernança

Inerente aos que desconfiam

Do circo, do palco, da dança

Que harmonia não traz

Ao minúsculo grupo que faz

Sob injusto mover da balança

Vi também o lado amável

Dos entes presentes na luta

Mentores do clima agradável

E sempre fieis à labuta

Como servos a cumprirem sua sina

Cabisbaixos tal qual a menina

Desviada de sua conduta

O que faz a nobreza ilustre

Assentada em seu trono dourado

A minar todo o sangue, abutres

Dos humildes fiéis empregados

Que nem sabem quem lhes domina

Assumindo a missão como a sina

Reservada a cruéis degredados

Instáveis por serem inseguros

Tão pouco o pão que lhes cabe

Embora estando maduros

A casa não paga o que valem

O muito que fez não valeu

O pouco que alguém prometeu

O passante da vez que lhes fale

Não, não sucumbo a fé

Inerente ao perfil das crianças

Que ágeis se põem de pé

Por portarem em si esperança

Nos mais belos sonhos da vida

Que aos puros Deus dá guarida

E ao final lhes reserva bonança