Meu sertão

Eu nasci lá no recanto

Do sertão que amo tanto

Onde ninguém é "santo",

Mas até eu me espanto

Com tanta verdade e pureza

Pois todos se tratam

Com muita delicadeza;

Eu sou lá do Pernambuco

Terra de cabra maluco

Que não quer saber de nada

E se vacilar cai na porrada;

Presentiei várias cenas

De uma linda morena

Que cheguei a me apaixonar

Só que seu pai

Um cabra bruto e valente

Com seu orgulho insolente

Acabou com todo

O amor da gente;

Então fui lá na janela

No fundo da casa dela

Com a voz suave e macia

Eu dizia!

Só para lhe agradar

Vamos fugir meu benzinho

Vamos ver o que o destino

Tem a nos dar;

Mas com uma simples palavra

Ela deixou meu coração

Feito uma brasa

Queimando ardentamente

Esse "não" insolente

Foi que acabou

Com todo o amor da gente

Impedindo de sermos

Felizes para sempre;

Isso tudo lá no meu Nordeste

Onde rico é interesseiro

Até parece a peste!

Só quer saber de dinheiro

Pois se o cabra não tiver recurso

Só leva patada e murro,

Mas não leva sua paixão;

Foi lá que eu cresci menino

No meu sertão nordestino

Fiz muita arapuca e gaiola

Brinquei de pião e bola

Feita de uma sacola;

Ao redor de uma fogueira

Cada um contando besteira

E também histórias que já passou

Ou até de outra maneira;

Aproveitando aquela brasa

Assava milho e batata,

Antes da refeição eu rezava

Rezas que mamãe me ensinava;

Mamãe sempre dizia

Meu filho para você ser direito

Não precisa nem de dinheiro

Basta tratar todos

Com muita alegria

E também muita muita franquia;

Papai sempre foi meu parceiro

Um homem bom,companheiro

Não teve muito dinheiro,

Mas trata todos com respeito

Me deu educação

Para eu viver nesse mundão

De gente boa e ladrão;

Ô tempo bom que já se foi

Me lembro até hoje

Eu e papai na chapada

Correndo atrás da boiada,

No meio dos mandacaru

Eu comia muito umbu

E gostava!;

Não tinha muita fartura,

Mas comia muita rapadura

Naquele engenho

De várias gostosuras;

Numa simples casinha

Feita de barro e varinhas

Com um simples milharal

No fundo do meu quintal

Engordei várias galinhas;

Eu nunca me arrependi

Do sertão onde nasci

Porque foi lá que eu vivi

Muitas emoções

E também com meus irmãos

Me divertia muito

Brincando do pega-pega

E esconde-esconde

E também outras diversões.

Francisco Antonio
Enviado por Francisco Antonio em 21/10/2019
Reeditado em 30/12/2019
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