CONFESSO MINHA PAIXÃO

Confesso minha Paixão

Por Lílian Maial

Cordel em homenagem aos amigos cordelistas do Usina de Letras

21/11/03

Desde que voltei pra Usina

A inquietação não me deixa

Não é que eu tenha uma queixa

Mas sinto essa coisa fina

Que entra pelas narina

E vai direto ao pulmão

Acelera a pulsação

Faz estrago aqui no peito

E isso num é direito

Se instala no coração.

Não é doença isso não

Mas deixa a gente abatida

Com medo de ser doída

Tamanha preocupação

Cheguei a ver um caixão

Pramodi ser prevenida

Não quero perder a vida

Sem nem ter onde morar

Sentirei falta de ar

Tal e qual sendo parida.

Depois de tanta consulta

Descobriram do que sofro

Começou tudo de novo

E meu sangue assim exulta

Como infrator leva multa

Vou multar a minha bomba

Que vira e mexe me assombra

Que bombeia errado e entope

Esse amor não dá IBOPE

Invade o peito e me arromba.

Já deu procês entendê

Do que é que tô falando

Já viro que tô amando

Agora resta sabê

Se o eleito é ocê

Que meu coração escolhe

Faz de duro, mas é mole

Trapaceia o tempo todo

Esconde de mim o jogo

Pago pra vê e ele corre.

Desde que vortei pra cá

Num consigo tê sussego

Meu corpo já pede arrêgo

Mas o louco num qué dá

Mandô eu me acostumá

Com essa triste agonia

De andá assim todo dia

Sem uma noite de sono

Com esse cabra é um estrondo

Acaba em delegacia.

Descobriram o meu donzelo

Garanhão do meu cordé?

Pode sê o Danié

Manezim, Jorge ou Marcelo

Tudo pra mim homi belo

Assim como Airam e Almir

Domingos não vai dormir

Isso é coisa de maluco

Até mesmo o doce Suco

Ataca de Xeiquispir*.

Não esgotei essa lista

Porque ela não tem fim

São importantes pra mim

Por isso num dô a pista

Cada um aqui conquista

Com jeitinho especial

Não vejo nada de mal

Ter paixões desenfreadas

Por isso, rapaziada

Cá está Lílian Maial!

*Shakespeare

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