LAMPIÃO CAOLHO
Quem muito houve falar
Do bando de lampião,
Sabe de sua história
Por todo grande sertão,
Só não sabe a verdade
Do olho do cidadão.
Lampião acostumado
Por onde ele andar,
Fazer de esconderijo
A casa que lá tomar,
Servindo mais de tocaia
Do que para descansar.
Certo dia Lampião
No sertão alagoano,
Depois de uma viagem
Ao sertão pernambucano,
Chega a Pão de Açúcar
Pra todos como tirano.
Avistando uma casa
Tão pobre em boa via,
Já decide lá entrar
Sem saber quem dentro via,
Quando entra lá encontra
Uma mãe com cinco cria.
Com um tom autoritário
Manda todos afastar,
Dirige-se a parede
Pra de um buraco olhar
Se a volante já vinha
A seu bando atacar.
De repente as crianças
Começaram a chorar,
Ele logo em seguida
Manda todos se calar,
Dos cincos, quatros se calam,
O outro só quer chorar.
Lampião pede a Corisco
Pra o menino calar,
Mas a mãe apavorada
À mãe de Deus a rezar,
Temendo ver o Corisco
O seu filho lá matar.
Ela bota a criança
Pra bem rápido correr,
Mas Corisco o impede
Em prol do obedecer,
Mesmo assim a criança
Depois não pode conter.
Lampião já o ordena:
Deixa ele se danar!!
Não oferece perigo
Assim ficou a pensar,
Enquanto isso os outros
A mãe pôde acalmar.
Tão rápido o menino
Foi ao mato esconder,
Mas muito preocupado
No que vai acontecer
Com sua mãe e os outros
Sem nada poder fazer.
Enquanto que na cidade
O povo alvoroçou,
Sabendo que lampião
Lá na via já chegou,
Temendo ver o pior
De onde ele ficou.
Mas Lampião observava
Toda movimentação,
Temendo que a volante
Já entrasse em ação,
Pedindo para seu bando
Prestar bem mais atenção.
Já o menino danado
Começa a planejar,
Algo que ele pudesse
Todos da casa salvar,
No momento que a volante
Começasse atacar.
A via ficou deserta,
Todo comercio fechou,
De repente a volante
Lá finalmente chegou,
Para surpresa de todos
O bando se espalhou.
Olhando pelo buraco
Lampião já ver chegar,
Bem mais de 30 soldados
Prontos para atacar,
Sem piedade se quer
Começam a se armar.
Mas um silêncio profundo
A via toda tomou,
Pois, lampião na tocaia
Olhando continuou,
De um buraco pequeno
A via toda avistou.
Enquanto isso o menino
Já resolve ir salvar,
A sua mãe e irmãos
Que lá na casa estar,
Planejamento danado
Que fez Lampião chorar.
O menino avista
Um belo pé de Quipá,
Com um espinho tão grande
Pois, no mesmo instante foi lá,
Arrancando o espinho
Pra Lampião “enfrentá”.
Já na boquinha da noite
Da casa aproximou,
Por se pequeno demais
Ninguém não o avistou,
Assim seu plano danado
Ele já iniciou.
Pois, quando olha de lado
Ver Lampião espiar
Do tão pequeno buraco
A volante aguardar
Só um momento exato
Pra seu bando atacar.
Com o espinho na mão
Ele se aproximou,
Com toda a sua vontade
No buraco enfiou,
O Lampião deu um grito
Que toda a casa estrondou.
No corre, corre danado
Todo seu bando ficou,
Aproveitando o momento
A volante atacou,
Enquanto isso Corisco
O lampião afastou.
Procurando um lugar
Na caatinga entrou,
Chegando a Juazeiro
Padre Ciço encontrou,
Ajoelhando ao Padre
A cura já implorou:
Oh, meu Padim, Padim Ciço
Venha aqui me curar,
Estou com olho furado,
Estar muito a sangrar.
Não enxergando mais nada,
Caolho eu vou ficar?
O Padre Ciço com pena
Fica quase a chorar,
No mesmo instante responde:
Não posso nem lhe curar,
Mas uma coisa lhe digo,
Caolho você estar.
Mas lampião não contenta
Já indo ir procurar,
O cabra que fez com ele
Sem ele nem esperar,
Atrocidade danada
Que fez seu olho cegar.
Por mais que o procurasse
Nunca pode encontrar,
Pois, o menino danado
Ninguém pode avistar
O momento em que ele
O Lampião foi cegar.