A DISCUSSÃO DA COBRA COM O CALANGO SOBRE O VENENO E O MEDO
POR JOEL MARINHO


Quando o calango ordeiro
Disse à cobra odiada
O que mata é o medo
Teu veneno não é nada
A cobra falou, duvido.
E testaram num indivíduo
Fazendo-lhe uma emboscada.
 
A cobra mordeu o homem
E o calango apareceu
O homem sorriu e disse:
Ô calango, o que te deu?
Na volta da caminhada
O calango deu a dentada
E a cobra apareceu.
 
Quando o homem viu a cobra
Gritou meu Deus, fui picado!
Valei-me Nossa Senhora!
Vou morrer envenenado
Caiu forte sobre o chão
Com um ataque do coração
Morreu ali o coitado.
 
O calango disse à cobra;
Não te falei, companheira.
Teu veneno é o de menos
Pare de falar besteira
Se descobrirem o segredo
Que o maior veneno é o medo
Teu respeito vai na poeira.
 
Essa parábola eu aprendi
Com os meus antepassados
Por isso deixo um conselho
Nesse cordel mal rimado
Não deixe que o tal medo
Faça você de brinquedo
E assim morra adiantado.