A CASA E O TEMPLO

A CASA E O TEMPLO

Por Lucarocas

Uma casa que acolhia

Um grupo familiar

No íntimo não se sentia

Como um local exemplar

Achava que os moradores

Não eram transformadores

Daquela casa em um lar.

Havia um clima pesado

De egoísmo e rancor

O negrume do pecado

Causava tristeza e dor

E a grande desunião

Não deixava o coração

Sentir a força do amor.

A riqueza da mobília

Que a casa possuía

Deixava pobre a família

Que na casa residia

E aquele grupo de gente

Vivia bem descontente

Lá naquela moradia.

Cada um no seu espaço

Sem do outro se importar

Não tinha beijo ou abraço

Para o outro confortar

Cada um então vivia

No mundo que construía

Dentro do seu celular.

No romance do casal

Não existia paixão

Num encontro casual

É que tinha relação

E no frio sentimento

Cada um em pensamento

Já cometera traição.

A casa então se assustava

Com todos seus moradores

E há muito observava

A inversão de valores

Via mentira e verdade

Fingir na felicidade

E enganar nos amores.

Foi então que olhou o templo

Erguido ali ao seu lado

Ele talvez fosse exemplo

De um povo estruturado

Que a ele recorria

Para ter a garantia

De sanar o seu pecado.

E ficou imaginando

O povo que frequentava

Quando domingo chegando

E todo templo lotava

Só tinha gente do bem

Que sem ter ódio a ninguém

Só o amor semeava.

Pensou que os frequentadores

Tinham paz em oração

Amigos semeadores

De caridade ao irmão

Uns casais iluminados

Por serem abençoados

Não cometiam traição.

Viu sorriso em cada rosto

Um brilho em cada olhar

Sem ter sentimento oposto

Ao exercício de amar

Assim pai e mãe e filho

Ao templo davam um brilho

Como família exemplar.

Ali no templo vizinho

Era tudo perfeição

Ali estava um caminho

De grande transformação

Quem o templo frequentava

De certo que encontrava

As portas da salvação.

Mas a casa reparou

Que os que nela habitavam

Nunca o templo frequentou

E nem tão pouco rezavam

E diferente do templo

A casa era mau exemplo

Pra todos que ali moravam.

Mas a natureza um dia

Cansada de agressão

Como um passe de magia

Trouxe uma transformação

E fez com que muita gente

Para não ficar doente

Se tivesse em reclusão.

Agora a casa estranhava

Que ninguém não mais saia

Um com outro conversava

Um falava e o outro ouvia

Na hora da refeição

Se via mais união

E muito mais alegria.

Ninguém queria sair

Não ia a nenhum lugar

E para descontrair

E ver o tempo passar

Inventavam brincadeira

Que duravam a tarde inteira

E sem ninguém se cansar.

A mulher e o marido

Passaram a ter união

O passado era esquecido

Nascia nova paixão

E revivam o amor

Trazendo um novo vigor

Para aquela relação.

E toda aquela mudança

A casa não entendia

E viu com desconfiança

Tudo que acontecia

E ao templo quis perguntar

Por que tudo foi mudar

Só depois daquele dia.

E foi num final de tarde

Que a casa quis saber

Por que não havia alarde

Nesse novo proceder

Onde o templo esvaziava

E o povo que ela abrigava

Estava em novo viver.

Na sua sabedoria

O templo foi lhe falando

Que a humanidade colhia

O que estava plantando

E agora a natureza

Veio fazer uma limpeza

Pro tempo que está chegando.

O homem no egoísmo

Semeou ódio e rancor

Nele criou um abismo

De muita tristeza e dor

E só pensando em poder

Ele foi se esquecer

De semear o amor.

Até os frequentadores

Que visitam esse local

São uns grandes fingidores

Se mostram pro social

Mas são pura hipocrisia

Que semeiam a cada dia

Muita semente do mal.

A casa ficou surpresa

Com aquela afirmação

Mas viu que a natureza

Estava com a razão

Precisava preparar

A terra para plantar

Semente da evolução.

Assim a nova semente

Que no mundo irá brotar

Virá de dentro da gente

Na pureza do louvar

E cada grão semeado

Será então replantado

Na sementeira do amar.

Uma lágrima de emoção

Da casa regou a flor

E do céu veio um clarão

Na luz da mais bela cor

E ali ao deixar o templo

Sentiu em Deus o exemplo

De quem só nos dá amor.

Fortaleza, 23 de março de 2020.

Lucarocas é Mestre da Cultura do Brasil, Mestre em Literatura e Especialista em Educação.

(85) 98897-4497 (Whats)

lucarocas@gmail.com

Fortaleza, 23 de março de 2020.

Lucarocas é Mestre da Cultura do Brasil, Mestre em Literatura e Especialista em Educação.

(85) 98897-4497 (Whats)

lucarocas@gmail.com

Lucarocas Escritor
Enviado por Lucarocas Escritor em 26/03/2020
Reeditado em 28/03/2020
Código do texto: T6898133
Classificação de conteúdo: seguro
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