Sapolula foge do purgatório e bate na porta do inferno (as rezas dos aposentados ainda tem efeito)

Despois dessa proseada

Quiele teve com Som Pedro

Viu que a coisa tava preta

Pois ficou com munto medo

Botou gravata e terno

Bateu na porta do inferno

Logo de manhã bem cedo!

Satanésio lhe atendeu

Com garfo triplo na mão

Fumando cachimbo preto

Um fedor que era do cão

"Diga aí meu camarada

Só resorvo essa parada

Se ficar só de carção!"

"Vá tirando a indumentária

Porque aqui o bicho pega

O setor é agitado

Não tem capeta que nega

Vance é gente importante

Vancê não é ignorante

Se aprochegue e se esfrega!"

"Seu capeta eu lhe digo

Sou caboclo do petê

Não se fala ansim cumigo

Que a coisa pode fedê

A puliça federal

Tem cumigo um arsenal

Mando ela te prendê!"

"Aqui tem gente corrupta

Que se isconde e tu protege

E tu gosta dessa gente

Que é bandido, que é herege

Eu quero um lugá limpinho

Num canto, bem bunitinho,

Vou botá meu terno bege!"

"Seu sapo eu tenho a lagoa

De lava fervida e quente

Lá tem pessoa nadando

Vou dizê que é munta gente

Vancê vai nadá tombém

Não venha com nhenhenhém

Não venha mostrá teu dente!"

"Quem manda nesta paragem

Sou eu, não tenho partido

Não sou pulítico brabo

Sou o chefe dos bandido

Vancê vai nadá no lago

Senão eu faço um istrago

Arranco a pança e o umbigo!"

O sapo não teve chance

Inda as reza braba ouviu

Dos véinho recramando

Aqui do chão do Brasil

Que o sapo vá pro inferno

Com barba gravata e terno

Vá pra ponte que caiu!

Thales de Athayde
Enviado por Thales de Athayde em 11/10/2007
Código do texto: T690531
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