RAÍZES

Eu sô do mato,

lá daquele lugarzim...

Pertim daquele regato.

Onde se cria porco, galinha, cavalo e

até mesmo cachorro e o pestiado de um gato.

Fica lá no pé da serra,

onde se cuida da terra,

e no finar do dia, o galo canta, o boi berra e

o cheiro do mato levanta.

Eu sô da roça.

Lá onde a natureza é mais nossa.

Eu vivo lá, sem com o porgresso priucupá,

mais a ele tô sempre ajudá...

Com meu trabaio, o dia todo de balaio em balaio,

faço tudo e não me atrapaio.

Lá eu aporveito a vida, até vendo os macacos de gaio em gaio e

as barbuletas largando um raio de beleza no ar.

Lá tem canturia, com harmonia, que nenhum docêis, pode igular:

É o baruio do vendo, das águas e dos bichos a se comunicá.

Là a lua e o sol tem mais brio, clareando os trio por onde passo, quando vou pescar e tomar banho no rio.

Mardade, farsidade? Lá tem não sinhô! Sabe pro mode que?

Pro mode que lá nois age com coração e não com essa coisa ai que ocêis chama de razão.

Agora eu vou pra labuta mais um tiquim.

Inté procêis.

Tirado da peça "RAÍZES" de: Carlindo de Campos.

Carlindo de Campos
Enviado por Carlindo de Campos em 11/04/2020
Código do texto: T6913926
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