RAÍZES
Eu sô do mato,
lá daquele lugarzim...
Pertim daquele regato.
Onde se cria porco, galinha, cavalo e
até mesmo cachorro e o pestiado de um gato.
Fica lá no pé da serra,
onde se cuida da terra,
e no finar do dia, o galo canta, o boi berra e
o cheiro do mato levanta.
Eu sô da roça.
Lá onde a natureza é mais nossa.
Eu vivo lá, sem com o porgresso priucupá,
mais a ele tô sempre ajudá...
Com meu trabaio, o dia todo de balaio em balaio,
faço tudo e não me atrapaio.
Lá eu aporveito a vida, até vendo os macacos de gaio em gaio e
as barbuletas largando um raio de beleza no ar.
Lá tem canturia, com harmonia, que nenhum docêis, pode igular:
É o baruio do vendo, das águas e dos bichos a se comunicá.
Là a lua e o sol tem mais brio, clareando os trio por onde passo, quando vou pescar e tomar banho no rio.
Mardade, farsidade? Lá tem não sinhô! Sabe pro mode que?
Pro mode que lá nois age com coração e não com essa coisa ai que ocêis chama de razão.
Agora eu vou pra labuta mais um tiquim.
Inté procêis.
Tirado da peça "RAÍZES" de: Carlindo de Campos.