Dona Mazé Chafurdenta...

Dona Mazé Chafurdenta:

Minha comadre Vicência

Morava no beco escuro

Onde firmava ciência

Na reza do desconjuro

Atendia com clemência

Isso eu afirmo e juro.

Damiana Regalada

Sua filha mais novinha

Vivia amancebada

Com Zé de Dona Carminha

E Jandira Delegada

Bebia a noite todinha.

Sinforosa era alegria

Là por onde despachava

Em sua mercearia

Fofoqueira não faltava

Berenice Milacria

Era por là que baixava.

Maroca e Mineruvina

Com Aninha Embaré

Queria ser muito fina

Jà teve quem diga até

Que o recurso da cretina

É ganho no cabaré.

Joaninha dos peitão

Trabalha de empregada

Seu Joca, o seu patrão

A mantém muito gavada

me disse Seu Zé Leitão

"Ela é mais que uma criada!".

Regineide virou crente

Vai pra casa do senhor

E quer converter a gente

Mas Nevinha do vapor

Me disse com fé ardente:

"Ela é quenga do pastor!".

Creidinha Tratava fato

No matadouro de fora

Porém surgiu um boato

Segundo Zefa Malora

Que ela mata os gato

E trata e vende na hora.

Têca me disse chorando

Que estava amojada

os parabéns fui lhe dando

E ela disse aperreada:

O marido tà viajando

Eu sei que estou lascada.

Isabé do cravinote

Deu para fumar maconha

Lurdi de Pedro Caçote

A chamou de sem vergonha

Ela danou um Pinote

Tanto dà quanto apanha.

Cininha casou de novo

Nem bem o véio morreu

Caiu na boca do povo

E o boato comeu

Eu nisso não me envolvo

Mas foi o que aconteceu.

E Gertrude lavadeira

Jà mudou de profissão

Alugou là na Ribeira

Um antigo casarão

Diz que agora é meieira

Dos rabos da perdição.

Fatinha mudou de ramo

Juntou-se com Gildenora

Eu sei, porém não difamo

pois foi minha professora

E vez por outra as chamo

Pruma prosa acolhedora.

Dona Ceicão do cartório

Agora està separada

Começou o falatório

Essa gente é parada

Dizendo que ela com Arbório

Jà andava amigada.

Afra agora é cantora

Canta no bar de Neném

Não bebe como amadora

E nem perdoa ninguém

Pegou Seu Mané de Dora

Correu para o xenhenhém

Prisca jà vende na feira

Bolo preto e pastel

É muito trabalhadeira

Mas seu filho Daniel

Fez crescer a cabeleira

Hoje se chama Raquel.

Isso é o povo quem diz

Mas eu não posso afirmar

Com chafurdo eu nunca quis

Conversa ou fofocar

E um falso eu nunca fiz

A seu ninguém levantar.

Thomas Saldanha, Natal 29/04/20

Thomas Saldanha
Enviado por Thomas Saldanha em 29/04/2020
Código do texto: T6932521
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