O primo do véio

Quero contar a história

Dum cangaceiro sofredor

Véio, triste, sem memória

Morreu o coitado, por amor

O véio era forte feito touro

Tinha nome sim, era Zé

Casado era c'um tesouro

Uma jóia em forma de muié

Viveu feliz até que um dia

Chegado de cidade grande

Veio um peão de montaria

Tocando alto seu berrante

Era esse, primo do Seu Zé

Que não notou o zóio comprido

Que endereçava sua muié

Pras banda do primo querido

Certo dia, teve um rodeio

O primo desculpas deu

Seu Zé vendo peão alheio

E o primo sua muié comeu

O véio descobriu a baixeza

Saiu c'o diabo no corpo

Pra matar o primo na certeza

De assim lhe dar o troco

Mas a surpresa foi achar

Só um papel de pão na mesa:

"Fomos embora, sem pensar,

Adeus intão, Zé tristeza!"

Na carreira Seu Zé saiu varrido

Ia achar a muié e o primo

Nem que fosse no inferno

E no velório ia usar terno!

O primo que já num era querido

Escondeu a muié bem escondido

Deu dois tiro no seu Zé

E fugiu no lombo do boi Bandido!

(ô vida...)

Flávia Jobstraibizer
Enviado por Flávia Jobstraibizer em 09/11/2005
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