A FLORZINHA DO ROCHEDO!!!

Uma florzinha singela

Na escarpa de um rochedo

Mesmo não sendo tão bela

Mas guardava algum segredo

Pois visitas não faltavam

Sempre por ali passavam

Mangangás e beija-flores

Passarinhos e insetos

Que ficavam bem quietos

Só pra sentir seus odores.

Abelhas ali pousavam

As borboletas também,

E dali se aproximavam

O sabiá e o vem-vem,

Os besouros, a joaninha,

E por ali sempre vinha

O canário cantador,

A vespa a aranha o grilo,

E qual seria o sigilo

Que preservava a tal flor?

Nem as flores mais bonitas

Detinham tanta atração,

Ficavam tristes e aflitas

Desconhecendo a razão

E o porquê que aquela flor

Sem beleza e sem valor

Tanto encanto revelava,

E mesmo sendo tão belas

Todos passavam por elas

Mas sequer se aproximava.

Causava inveja e ciúme,

A sedução da florzinha,

Indagavam com queixume

Porque nelas ninguém vinha?

Se aquela flor não tem graça

Porém quem por ela passa

Para pra lhe apreciar

Alguma coisa ela esconde

Sem ninguém saber aonde

E nem se vai revelar.

Será que aquela flor pensa

Que é melhor do que a gente?

Porque é que não dispensa

Uma visita somente?

Temos que nos reunir,

Implicar e insistir,

Pra descobrir sua manha,

Não tem candor nem pureza

Porque foi que a natureza

Concedeu-lhe essa façanha?

Perfume, quase não tem,

Belo porte, também não,

Então o que é que a mantém

Nessa firme posição?

Será que ela tem em mente

Que é formosa e diferente

A ponto de se esnobar?

É bom que aquela enxerida

Vá cuidar da sua vida

E reconheça o seu lugar.

A inveja só nos traz

A discórdia e o desapego,

Destrói a calma e a paz

Promove o desassossego,

Foi assim com aquelas flores

Nem sequer viram valores

Naquela flor inocente,

Que é pobrezinha em beldade

Mas, tão rica em humildade,

Por isso é muito atraente.

A florzinha do rochedo

Cheia de felicidade,

Mostrou que nenhum segredo

Ocultava na verdade.

O fato de ser feliz

Com ela tão bem condiz

Sem cobiça ou ambição,

Pois toda a sua beleza

Está na grande nobreza

Contida em seu coração.

Carlos Aires

08/07/2020