MINHA AMIGA BARAÚNA!!!

Minha amiga baraúna

Eu quero aqui dessa vez

Tentar encher a lacuna

Que entre nós dois se fez,

Encontrei-te envelhecida

Com uma banda sem vida

E a outra bem enfadada,

Da beleza do outrora

Nada mais existe agora

Já que estás tão desgastada.

Eu também minha amiguinha!

Fui bastante transformado,

Perdi o vigor que tinha

Hoje estou velho e cansado,

A saúde levou fim,

O meu viver é assim

Sem regozijo, sem graça,

Ocupando o dia a dia

Com verso e com poesia

Que é pra ver se o tempo passa.

Porém meus laços contigo

Mantém a mesma firmeza,

Desmancha-los, não consigo,

Nem pretendo, com certeza!

Isso já vem à distância

Dura desde a minha infância

Até os tempos atuais,

E se de mim depender

Sempre irão permanecer

Não se desfazem jamais.

Quando eu nasci tu já era

Bela frondosa e copada,

Mas, o tempo é uma fera,

Arrogante e esfomeada

Que lentamente devora,

E nós estamos agora

Dele, sentindo o efeito,

Se hoje estás tão diferente

Eu estou literalmente,

Com o meu semblante desfeito.

Antes já fui belo e forte

Mas, inverteu-se o cenário,

Perdi todo aquele porte

Tudo virou ao contrario!

Abatido, envelhecido,

Totalmente esmorecido

Sem beleza e sem alento,

A força foi reduzida,

Se for tirar a medida

Não chega a quinze por cento.

Também estás diferente

Perdestes toda beldade,

Da fronde de antigamente?

Resta um quarto da metade,

Quem antes ti conheceu

De pertinho como eu

Nota a radical mudança,

E assim vejo se acabando

E aos poucos desmoronando

Nossas eras de bonança.

O teu com o meu passado,

Tem a mesma semelhança,

Tudo de bom foi levado

E só ficou como herança,

O enfado e o desalento

Que estão a todo o momento

Promovendo um mal-estar,

Mas nossa amizade é forte!

Só findará quando a morte

Um de nós vier buscar.

E assim amiga dileta!

Brevemente te exaltei,

E como um simples poeta

Foi que eu aproveitei

O momento de saudade

Que todo o meu ser invade

De formas bem desmedidas,

Então, nelas me apeguei,

E aqui descrito deixei

Um pouco das nossas vidas.

Carlos Aires

10/08/2020