Peste Negra e Pandemia
Meu caro amigo leitor
Preste muita atenção
Vou falar de um assunto
Com muita preocupação
Tratar da peste bubônica
Com medo e assombração
A peste surgiu na China
No outro lado do mundo
Causando tristeza e morte
E pesadelos profundos
Espalhou-se pela Europa
Chegando ao novo mundo
Na Europa fez estrago
Causando devastação
Dizimou cidade inteira
Trazendo desilusão
Não excluiu nem os nobres
Que morreram de montão
Sua origem é conhecida
Desde a idade media
Chegou nos portos da Itália
Através das caravelas
Que nos porões conduziam
A praga yersínia pestis
A bactéria invisível
Que logo se revelou
Através dos seus sintomas
Nos pulmões se instalou
Usando a pulga e o rato
O homem infectou
A peste se espalhou
Causando uma pandemia
Atingiu todas as classes
Da urbe à periferia
Chagando até a nobreza
E também a burguesia
O século foi o quatorze
Já nos fins do medievo
Tempo de guerra e fome
Com rebeliões de servos
Das revoltas Jacqueries
Que incendiou os castelos
A peste se alastrou
Chegando até Florença
Cidade de mercadores
E burgueses influentes
Dos mecenas humanistas
Arautos da Renascença
O final da idade média
Foi um período cruel
Movido por muitas causas
Já expostas no plantel
A novidade foi mesmo
A imprensa e seu papel
A peste não só matou
Os pobres da freguesia
Atingiu todas as classes
Alcançando a burguesia
Dizimou cidade inteira
Deu inicio a mais valia
As pessoas não sabiam
O que estava ocorrendo
Só depois de muitas mortes
Dos sintomas aparecendo
Para alguns eram castigos
Ou culpa dos sarracenos
Naquela época a ciência
Não tinha muita expressão
Valia o sermão do clero
Como toda explicação
Pro camponês das aldeias
Bastava a Revelação
Hoje é muito diferente
Dada a globalização
O mundo é uma aldeia
Com muitas informações
Tem as redes sociais
Tudo ao alcance das mãos
Apesar de tudo isso
Uma coisa fica clara
As pandemias persistem
Dizimando muitas almas
Por onde passa tritura
Infecta mata e chacoalha
No passado a peste negra
Hoje o corona vírus
No medievo a pobreza
Era o maior inimigo
No Brasil de Bolsonaro
A gripezinha é o perigo
Tratou de fazer piadas
Com os parentes dos mortos
Com a ciência e os médicos
E também com os repórteres
Dizendo é só uma gripinha
Com isso não me importo
Na Terra de Dom Quixote
Não foi muito diferente
O governo preocupado
Logo tomou providencias
Pra evitar um flagelo
Das almas sobreviventes
Tudo foi tão de repente
Quando ela aqui chegou
Não avisou do que vinha
Nem ao que se reportou
Só veio com a missão
De causar flagelo e dor
Não quero falar seu nome
Por que me causa arrepio
Desde quando apareceu
Já foram mais de cem mil
Por onde passa devora
Sorte de quem nunca viu
Em tempo de pandemia
Tudo é muito esquisito
A gente fica isolado
Evitando correr riscos
Quem não tem lugar decente
Sabe bem o precipício
Por onde ela já passou
Fez um estrago danado
Causou prejuízo e morte
Deixou tudo devastado
Por aqui não é diferente
Segundo os últimos dados
Ela deixa o cabra mole
Quebrado e muito dengoso
Não escolhe idade ou classe
Todo mundo está jogo
Os mais pobres morrem mais
Mas não poupa os poderosos
Perigoso é muito pouco
Por tudo que vem causando
Pela morte dos parentes
E dos muitos desenganos
Do medo e do desespero
Que ela vem disseminando
Quando fiz este cordel
Só havia três mil mortos
Passado quase três meses
O vírus virou consorte
O governo fez piada
Hoje mais de cem mil mortos
Milton
Belém, 20 de julho de 2020