A protegida de Oxóssi

Entrei na mata costeira,

Ouvi o silêncio pairar.

Embaixo da mangabeira,

Senti meu corpo arrepiar.

Voltei-me pra ver ligeira,

E vi um vulto passar.

Olhei pr'o lado direito,

E fiquei sem respirar.

Senti apertar meu peito,

De medo me senti gelar.

Então pressenti o efeito,

Do golpe que corta o ar.

Com uma estranha emoção,

De medo me pus a rezar.

E ao suplicar proteção;

Senti uma brisa soprar.

E perto da minha mão,

Vi uma flecha se alojar.

Olhei aquilo assustada.

E então vi uma serpente.

Que me olhava assanhada.

Já arreganhando os dentes.

Agora estava ali parada.

Quase morta à minha frente.

A flecha estava prensando,

Sobre a cabeça da cobra.

A cauda ia se resvalando.

Como quem faz a manobra.

Se não estava adiantando,

Mas o ímpeto era de sobra.

A flechada foi perfeita.

E logo a serpente morria.

A vil armadilha desfeita.

Daquela criatura fria.

Levantei-me satisfeita,

Para festejar de alegria.

Tudo graças ao arqueiro;

Que eu ainda não vira.

Busquei-o com olhar ligeiro,

E vi que eu era sua mira.

Meus olhos o viam inteiro,

Ou o meu coração delira?

Quando parei a observar.

Alterou-me a respiração.

Vislumbrei naquele olhar.

Uma velha assombração.

Que estava a me visitar,

Numa estranha aparição.

Mas não era o meu orixá.

Era Oxóssi, o seu bom irmão.

O filho do Grande Oxalá.

O corajoso São Sebastião.

O guerreiro a me salvar.

Do horror da perdição.

O grande Deus das florestas.

Guia dos bons caçadores.

Protetor das almas em festas;

E daquelas que sofrem dores.

Da fome que se manifesta.

Inclusive a fome de amores.

Ó grande Orixá protetor!

Que devolveu minha vida.

Livrou-me da triste dor.

De pela serpente ser ofendida.

Agradeço meu salvador.

Por ser sua protegida.

Se veio à mando de Ogum,

Diga que lhe agradeço também.

Que não me fez mal nenhum,

E que de saúde estou bem.

Que o mal dessa egugun,

Não vai ferir mais ninguém.

Agradeço-te! Ó meu Odé!

Amante das artes belas.

O grande caçador de Axé.

Inspirador das aquarelas.

Trás boas novas pra essa Ifé.

Que já cansou das mazelas.

Receba meu singelo Okê.

Ó protetor dos artistas.

Empresta-me seu eruquerê.

Prometo apurar a vista.

Para tudo o que me provê.

E para as minhas conquistas.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 22/12/2020
Reeditado em 22/12/2020
Código do texto: T7141262
Classificação de conteúdo: seguro
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