A Meia
Deixa a minha meia em paz,
Não mexa em minha canela,
Pois já xavecou donzela,
Moça, menino, rapaz...
Com ela sou loquaz,
Tenho muita fluidez
Sempre e sempre e toda vez,
Todo o assunto tá na veia,
Mas não tire a minha meia
De tecido polonês.
Outro dia um rapagão
De abdômen definido
E que estava bem vestido
Disse a mim em um modão:
- Meia na canela não!
É moda de português.
E eu lhe disse bem cortês:
- Tire tudo, despenteia,
Mas não tire a minha meia
De tecido polonês.
Outro dia a minha esposa
Disse a mim: - Que batatão
Que tu tens, ó coração!
E eu fiquei feito raposa,
Voando igual mariposa
Pelo louvor que me fez,
Depois, ela se refez;
E eu disse: - És sereia,
Mas não tire a minha meia
De decido polonês.