A Meia

Deixa a minha meia em paz,

Não mexa em minha canela,

Pois já xavecou donzela,

Moça, menino, rapaz...

Com ela sou loquaz,

Tenho muita fluidez

Sempre e sempre e toda vez,

Todo o assunto tá na veia,

Mas não tire a minha meia

De tecido polonês.

Outro dia um rapagão

De abdômen definido

E que estava bem vestido

Disse a mim em um modão:

- Meia na canela não!

É moda de português.

E eu lhe disse bem cortês:

- Tire tudo, despenteia,

Mas não tire a minha meia

De tecido polonês.

Outro dia a minha esposa

Disse a mim: - Que batatão

Que tu tens, ó coração!

E eu fiquei feito raposa,

Voando igual mariposa

Pelo louvor que me fez,

Depois, ela se refez;

E eu disse: - És sereia,

Mas não tire a minha meia

De decido polonês.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 21/01/2021
Código do texto: T7164662
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.