LÁ VEM MARIA FUMAÇA

No meu tempo de menino

Dado a muitas peraltices

Me sentia criatura liberta

Que em tudo se acerta

Não tinha isso de mesmices

Esse era o meu destino

A rua era meu território

Fazia qualquer bagaça

Era sovina, muito danado

Só não era mal criado

Dormia no banco da praça

O que não era obrigatório

Quando mamãe me procurava

Tava eu no ôco do mundo

Sem chinelo e sujo de barro

Ela tirava logo um sarro

Vendo meu calção imundo

Nessa hora eu apanhava

Tinha algo que me dominava

Me faltava o controle até

Atrás de casa passava o trem

Só que eu naquele vai e vem

Ligeiro atravessava a maré

E Maria Fumaça eu admirava

Com outros moleques eu ia

Gritando lá vem Maria Fumaça

Nadando chegava do outro lado

Era um contentamento danado

Sem temer qualquer desgraça

O trem passava, a gente sorria

E assim o tempo passou

De menino tenho lembrança

Tudo agora é diferente

Vivendo agora o presente

Tenho saudade daquela festança

De tudo que prá trás ficou

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 23/01/2021
Reeditado em 23/01/2021
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