A MUSA DA MINHA RUA
Lá da rua onde eu moro
Ela é a mais bonita.
Quando passa se arrebita
Faz a pose que eu adoro...
E é por isso que eu oro
Para isso acontecer,
Pra me sentir no poder
De tê-la ali todo dia
Esbanjando simpatia
Que dá gosto só de ver.
Tem uma boa estatura
Cabelo curto, lisinho...
Confesso fico lesinho
Com aquela formosura.
Bumbunzão e a cintura
Todinha um violão.
Sem falar nos dois "peitão"
Belos e arredondados
Com os biquinhos apontados
Parecidos feito à mão.
Com traços bem definidos
Seu rosto foi desenhado,
Deixando todo abestado
Os cabras desprevenidos.
Pois, certo serão traídos
Pelo seu jeito de olhar.
É melhor não encarar...
Só que o cabra não aguenta
Quando a ver logo inventa
De querer se apaixonar.
Mesmo sem tê-la tocado
Eu sinto que sua tez
Possui grande maciez
Tal qual veludo importado.
Fico hipnotizado
Só em ver sua textura.
Estou certo a criatura
De frente ao meu portão
Faz o mito da criação
Ser elevado à altura.
Anda sempre bem vestida
Com blusinha decotada,
Shortinho ou calça colada
De certa forma exibida.
Até lhe fazem investida
Mas ela nunca dá bola;
Pelo contrário rebola
De forma mais provocante.
Na matéria excitante
Na rua ela faz escola.
Sapato alto de dez
Sempre no top da linha
Que faz aquela gracinha
Andar nas pontas dos pés.
Melhor dizer, ao invés,
Que ela não anda, desfila...
Faz dilatar a pupila
De quem fica observando
E ela só desfilando
Sensualmente tranquila.
O seu corpo é tomado
De um banho de joias raras;
Coisas chiques, peças caras
Todas num tom refinado
Banhado e lapidado
De ouro, prata e brilhantes,
Esmeraldas, diamantes,
Brincos, anéis, pulseirinhas,
Colares e correntinhas,
Coisas que nunca vi antes.
Quando ela me diz: “Bom dia!”
Me acelera o coração.
Me causa palpitação
Uma enorme afasia...
E com tanta simpatia
Ela fica "nua e crua".
Faz da exuberância sua,
Natura e artificial,
Ser algo simples, normal...
Salve a musa da minha rua!
Benildo Nery
Um poeta de Montanhas