E POR FALAR EM EX...

Quando ela passou por mim

E desviou seu olhar,

Por certo pensou que eu

Ia com ela falar.

Coitada não me conhece;

Só sendo... até parece

Que eu ia me humilhar!

Sei que não posso negar

Que ainda gosta dela.

Ao vê-la meu coração

Comigo chega duela.

Mas o meu brio é maior

Provei do mal a pior

Quando estive com ela.

Ao lado daquela “fela”

Fui bastante maltratado.

Preso ali aos seus caprichos

Pelos pés acorrentado,

Sem carinho e sem respeito,

Sem nem respirar direito,

Mas louco e apaixonado.

Eu lhe dava de punhado

De amor e de carinho;

Lhe dava um monte de cheiro,

Beijinho e mais beijinho...

“Chei” de desejo e de tara

E ela me dando na cara

Deixando-me amar sozinho.

Parecia um cachorrinho

Que o que a dona manda faz:

– Levanta! – eu me levantava.

– Vá pra frente! – Vá pra trás!

– Me dê isso! – Dê-me aquilo!

Feito cantiga de grilo.

Parecia o Satanás!

Mas na verdade o que mais

Me fez largar a insana

Foi ela me proibir

De, nos finais de semana,

Eu tomar uma gelada

Junto com a rapaziada

No boteco de joana.

Enquanto toda bacana

De manhãzinha saia

Toda emperiquitada

Pra tal da academia.

Não somente no final

De semana e coisa e tal

Ela ia todo dia.

De vez enquanto eu ouvia

A vizinhança dizer:

– Mulher olha lá vai ela

Chega correndo vem ver!

Por não ser surdo nem mudo

Antes de virar chifrudo

A mandei se “assuverter”.

Depois disso vi correr

Lágrimas no seu olhar.

Confesso no meu também

Mas depois de enxugar

Chegamos à conclusão:

Pra viver de confusão

Foi melhor se separar!

Encarregado em sarar

Arranhão, trinco ou ferida,

O tempo fez seu papel

Bem justinho, na medida.

E o que eu desejo a ela

É que viva a vida dela

Que vou viver minha vida.

Benildo Nery,

Um poeta de Montanhas.