DE SANTA SÓ TEM O NOME
Maria de Madalena
Quando era bem novinha,
Era tranquila, pacata
Depois que ficou mocinha
E a cebola esquentou,
Pra namorar desasnou
Tá com o diabo a danadinha.
Junto com sua vizinha,
Outra que tem pá virada,
Todo final de semana
De noite faz arribada
Com outras da mesma idade
Cascaviando a cidade
Atrás de uma balada.
E topa qualquer parada
Que a turminha sugerir...
A mãe dá conselho a ela
Lhe pede pra não sair;
E ela não dá nem ouvido
Não atende o seu pedido
Vai com a galera curtir.
Quando volta vai dormir
Com o dia amanhecido;
Só acorda ao meio dia
Quando o almoço é servido;
Come e volta a se deitar
Para então se levantar
Com o dia escurecido.
Janta o prato preferido
Quarenta com carne assada;
Toma um banho bem tomado
Bota uma roupa ousada;
Fica toda cheirosinha
Grita chamando a vizinha
E sai com ela colada.
A rota já tem traçada
Desde a noite que passou:
“Fulana vai com sicrano
Já que fulano furou;
Carro ou moto tanto faz
Com outra moça ou rapaz
O importante é que eu vou”.
E como se combinou
Bate a turma em arribada,
Gritando e piruetando
Numa bagunça danada,
E já vão se aquecendo
Com uma latinha bebendo
Até chegar na balada.
“Mulher não paga a entrada,
Oh coisa boa da porra!
Só vamos sair no fim
Espero que ninguém corra
Vamos beber, farrear
Nos divertir namorar...
Pode entrar minha cachorra”!
“Até que o suor escorra
Lá pra baixo da canela,
Esta noite eu vou dançar
Com você minha cadela”!
E se atracam no salão
Que só falta o coração
Pular fora da titela.
Para não secar a goela
Cerveja só da gelada,
Vodca no copo pura
Ou com Fanta misturada,
E para no grau ficar
Vão lá fora para dar
Um trago ou uma pitada.
Já encerrada a balada
É hora de ir pra casa;
Toda a turma se reúne
Com os corpos ardendo em brasa
Numa noia infeliz
Um ou outro ainda diz:
“Essa turma aqui arrasa”!
Da balada até em casa
Rola muito mais bebida;
Maria de Madalena
Que é a mais exibida
Fala alto, grita, canta
Que até o Diabo se espanta
Com aquela enxerida.
Praticamente despida
Parece feita de mola;
Toda mole se contorce
Dança, requebra e rebola
E os cabras lhe agarrando
De mão a outra passando
Como se fosse uma bola.
E depois que a pistola
Acha a brecha da bainha
É que ela sossega o facho
Fica calma, bem calminha...
Logo se apaga a brasa
E ela então vai pra casa
Isso já de manhãzinha.
Ela e sua vizinha
Amiga e companheira
Que juntas pintam o sete
Fazem da vida doideira
Retratando a vida urbana
Todos finais de semana
Se entregam à bagaceira.
Benildo Nery
Um poeta de Montanhas