HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO
O nosso ilustre povo nordestino
Dessa terra linda de cabra macho
Todo ele tem coragem, eu acho
Seja ele o homem do roçado
Velho, mulher ou mesmo menino
Mas agora preste muita atenção
Prá essa história interessante
Pois muita gente fala e até mente
Dizendo que nunca acreditou
Em comentário sobre assombração
Ainda era o tempo da minha avó
Que tal comentário assustava
Mas a maioria porém acreditava
Sobre o arrastado de correntes
E de noite ninguém andava só
Alguém dizia ter visto visagem
E até uma mula sem cabeça
Se não acredita então esqueça
Deixe isso prá quem presenciou
Pois dava um frio na garagem
Diziam ter visto o Saci Pererê
Esse moleque de uma perna só
Pois dava uma pena de dar dó
Quando alguém chegava assustado
Acredite, podia ser eu ou você
Quando uma alma do outro mundo
Quem é vivo ela resolve visitar
Não dar nem para se acreditar
Que isso esteja mesmo acontecendo
Ainda com traje surrado e imundo
Tinha uma tal de perna cabeluda
Que qualquer casa ela invadia
Sempre de noite e nunca de dia
Deixando as pessoas com medo
De se defrontar com essa abelhuda
Sempre tive horror de fantasma
E temia as noites de lua cheia
Era melhor tomar injeção na veia
Do que andar em uma rua escura
Ficar sem ar e pegar uma asma
Quem nunca viu uma assombração
Agradeça, pois teve muita sorte
Pois essa é a imagem da morte
Que só aparece para atormentar
Quem não gosta de fazer oração
Meia noite em frente ao cemitério
Eu lhe confesso que já passei
E nessa noite eu me assustei
Com a minha própria sombra
Que para mim foi um mistério
Minha tia sempre me contava
Histórias de gente que já morreu
E no dia que essa parente faleceu
Acabei então sonhando com ela
Pois eu juro que não acreditava
Estava eu certa noite sentado
Na minha varanda olhando o breu
De repente um vento me envolveu
Meu corpo estremeceu de medo
Me deixando então paralisado
Dois amigos um acordo fizeram
Que quem morresse primeiro
Depressa e mais do que ligeiro
Um avisaria sobre o outro lado
Foi isso que eles propuseram
Certo dia concretizou-se o teste
Um deles para o além partiu
O outro uma ventania sentiu
E uma voz que lhe anunciava
Fulano, estou aqui no lar celeste
Hoje assombração saiu de moda
O que assombra é a política
Temos uma visão apocalíptica
Esperando o ranger de dentes
Enquanto o povo se acomoda