Meu Deus de Bondade infinda
Dai-me a pura inspiração
Para falar de um Padre
Que teve em seu coração
Durante a vida o amor
Por todos, sem exceção.
 
É do Padre João Maria
Que toda a vida passou
Doando-se sem pedir
Volta para o que doou.
O que fez, o fez feliz.
Nunca um retorno cobrou.
 
Na Fazenda Logradouro

Do Barro[i] ele nasceu,
O nono de treze irmãos

Que a sua mãe[ii] concebeu
E suas primeiras letras

Com seu papai[iii] aprendeu.
 

No ano 48[iv]
Do Século XIX
Na véspera de São João
Enquanto o povo se move
Para os festejos juninos,
Pois nada, disso, os demove.
 
João Maria Cavalcante
De Brito foi registrado
Nosso Padre João Maria
Muito querido e amado.
Que viveu para ajudar
Ao pobre necessitado.
 
Em ambiente católico
Nasceu ele e se criou
E isto contribuiu
Para o que em si despertou:
Respeito à religião
À qual, com amor, se doou.
 

Em Vila Nova do Príncipe[v]
João Maria foi morar
Continuar seus estudos
Para poder conquistar
O seu sonho de ser padre
E aos pobres se dedicar.
 
Vindo de família pobre,
Porém muito respeitada,
Os amigos fazendeiros
Entraram nessa empreitada
Custeando seus estudos
Sem ter cobrança de nada.
 

A cavalo, para Olinda[vi]
João Maria viajou
Tendo apenas 13 anos.
O seu pai o acompanhou,
Seu desejo de ser padre
Eclesiástico o tornou
 
Ordenado sacerdote
Dia 30 de novembro
Do ano mil oitocentos
E setenta e um. Um membro
Da Santa Sé, transformado.
Isto li, e aqui relembro.
 
E a sua ordenação
No Ceará ocorreu,
Porém a primeira missa,
Foi em Caicó. Se deu,
Tinha só 23 anos
Quando isto aconteceu.
 
Foi vigário de Jardim

De Piranhas, e de Flores[vii];
De Acari, Papari,
E de Natal, meus Senhores!
Sendo um padre da pobreza
Também, porém, dos doutores.
 
Seu zelo sacerdotal
E fiel à vocação
Fizeram que se tornasse
Um padre só coração
Que tirava a sua roupa
Para cobrir seu irmão.
 
Seu irmão caçula: Amaro
Cavalcante lhe mandava
Uma ajuda financeira,
Mas ele tudo gastava
Doando a quem lhe pedia.
Ficava liso, mas dava.
 
Um exemplo para todos
Fez da sua caminhada,
Onde sua própria vida
Era, a serviço, ofertada
A quem dele precisasse
Sem que lhes cobrasse nada.
 
No ano mil oitocentos
E setenta e oito, em Flores,
Participou do combate
À seca. Trazendo cores
Às vidas de quem não tinha,
Aliviando-lhe as dores.
 
Dos doentes de varíola,
Numa grande epidemia
Ele ajudou a cuidar
Sempre mostrando alegria,
Onde tivesse um doente
O padre comparecia.
 
No ano mil oitocentos
E oitenta e um, em Natal,

Ele assumiu a paróquia[viii]
Da Igreja principal
À qual hoje nós chamamos
A antiga catedral.
 
Luís da Câmara Cascudo
Foi por ele batizado
No dia nove de maio
Como ficou registrado.
Mil novecentos e um
Foi o ano consagrado
 
No ano mil novecentos
E cinco, aqui em Natal,
Ele mostrou seus serviços
De uma forma especial
Buscando a libertação
Dos escravos no geral.
 
Foi chamado Pai dos Negros
Forros. E em Natal criou
Uma escola pra crianças
Pobres, a qual nomeou
De Escola São Vicente.
Sonho que realizou.
 
Durante seu ministério
Na capital de Natal
Além de ajudar a todos
Com carinho especial
Ele também se integrou
Em lutas pró-social.
 
“João de Deus”, “Pastor dos pobres”,
“Apóstolo de Natal”
Era mais que um sacerdote!
Era um ser especial!
Era médico, era enfermeiro,
E assistente social.
 
Desprendido ele escolheu
A pobreza em sua vida.
Até suas próprias vestes
Muitas vezes, repartida,
Ele oferecia àqueles
Que careciam guarida.
 
Bairros pobres de Natal
Muitas vezes percorria
A pé ou num jumentinho,
Tentando dar alegria
E esperança ao mais pobre
Que de tudo carecia.
 
Remédios homeopáticos
Que ele mesmo preparava
Ele doava aos doentes
Que ele mesmo medicava,
Também conforto ao espírito
De quem mais necessitava.
 
Ungia e sacramentava
Ao enfermo moribundo
Oferecendo o conforto
Do espírito neste mundo,
Mostrando por cada um
Seu amor puro e profundo.
 
Tinha um lema que cumpria
Sempre. À risca! Sem falhar:
O “Ser tudo para todos”!
Estar disposto a ajudar
A todos que precisassem
Não importava o lugar.
 
Dia 16 de outubro
Será um dia lembrado
Por todos os bons católicos
E também comemorado
Com orações e benditos
Àquele padre amado.
 
Mil novecentos e cinco
O ano aqui refererido
Que João Maria se foi.
Seu busto foi esculpido,
Numa praça com seu nome
Posto. E pra sempre mantido.
 
E desde que ali foi posto
O seu busto, o povo faz
Promessas e mais promessas,
Oram e adquirem paz
E as orações ao Padre
Tem um retorno eficaz.
 
Bendito seja João
Maria, meu padre! Canto.
Peço alívio para as dores
E que enxugue o meu pranto.
Mesmo não canonizado,
Para seus fiés, é santo.
 

 
Rosa Regis
Natal/RN
15.08.2020
 
[i] Fazenda Logradouro do Barro – zona rural de Caicó,
hoje: Fazenda Três Riachos, em Jardim de Piranhas
[ii] Ana de Barros Cavalcante
[iii] Amaro Soares Cavalcante de Brito – Professor primário,
o pai de Padre Amaro.
[iv] 1848
[v] Vila Nova do Príncipe, hoje Caicó.
[vi] Olinda - PE
[vii] Flores, hoje Florânia
[viii] Paróquia Nossa Senhora da Apresentação