O LAVRADOR!!!

Esse homem rude, simples,

Que ninguém lhe dar valor,

Merece todo respeito

Pois é o nosso lavrador!

Ele detém a proeza

De pôr fartura na mesa

Do povo da zona urbana

Que nem sequer imagina

Como é tão dura a rotina

Dele, durante a semana.

Quatro horas da matina

O mesmo já está de pé

Acende o fogão de lenha,

Faz um gostoso café,

E degusta com um beiju quente

Depois, segue bem contente

Em direção ao roçado

Onde o feijão tá florando

A fava tá enramando

E o milho tá pendoado.

O indício da fartura

Já está bem aparente,

Mas, saiba que sua lida

Não foi essa tão somente,

Antes, o mato brocou,

Botou fogo, encoivarou,

Deixou a terra tratada

Pronta, no ponto de arar,

E ficou a esperar

A primeira chuvarada.

E logo que aconteceu

O início da invernia,

Ele seguiu bem disposto

Cedinho ao raiar do dia,

Botou os bois no arado

E foi pegar no pesado

No clima frio ou calor,

Na chuva fina ou sol quente

Laborou intensamente

Por ser bom trabalhador.

No outro dia repete

Sua lida novamente,

Quando termina de arar

Logo ele planta a semente

Fica esperando nascer

Pra que possa acontecer

Com muita dedicação

Os necessários cuidados

Que estão relacionados

A ampla capinação.

E assim sucessivamente

Os dias vão se passando,

O inverno muito promete

A lavoura prosperando

E como o clima condiz

Ele está muito feliz

Com os rumos de seu labor

Olha pra o céu satisfeito

E agradece pelo feito

De Deus, o Pai Criador.

E quando o lucro acontece

Vai com muita brevidade

Logo fazer a colheita

Para vender na cidade

Levando muita fartura

Para aquela criatura

Que nunca lhe deu valor

E nem lembra que o que come

Pra saciar sua fome

Vem das mãos do lavrador.

Então vamos refletir

E um pouco valorizar,

Esse caboclo roceiro

Que só vive a trabalhar

No eito de sol a sol

Desde o mais tenro arrebol

Ao crepúsculo vespertino,

Garantindo o suprimento

Diário para o sustento

De cidadão que é grã-fino.

Carlos Aires

16/06/2021