Cordel – Tempo de provação

Relembrar dois mil e vinte

Tem um sentido profético

Foi o meu ano mais triste

De um nervoso frenético

De tanto que brotou medo

No meu coração poético...

Até meados de janeiro

A vida ainda estava normal

O tema do mundo inteiro

Era o tal do vírus mortal...

Mas ainda não era local

Nem problema brasileiro.

Todos já ouviram falar

Que era um vírus letal

Mas muitos a duvidar

Do seu alcance mundial

Nada fizeram para barrar

Sua viagem internacional

O povo seguia em frente

Com sua vida ocupado

Uma maioria descrente

Quer leigo ou estudado

Sem o devido cuidado

Inclusive o presidente

Mas o tempo foi passando

Na rotina inconsequente

E o vírus se espalhando

O povo ficando doente

Seja de amigo a parente

Todos se contaminando

Os hospitais se enchendo

De todo canto chegando

Gente jovem adoecendo

E os jornais noticiando...

Muitos idosos morrendo

E o presidente zombando.

Chamando o vírus de gripe

Fez guerra ministerial

Trocou todo mês a equipe

Mentiu em rede nacional

Fez tudo quanto consiste

Para subestimar esse mal

Chamou o vírus de chinês

Desacatou médicos e cientistas

Era uma nova gafe por vez

Ao falar com os jornalistas

Do Vírus tornou-se talvez

O maior dos negacionistas

Deu uma de médico louco

Para receitar a cloroquina

Mas fez-se de ouvido mouco

Para Ciência e a Medicina

Porém a sua língua ferina

De tanta morte fez pouco

Destratou os governadores

Que pra combater o contágio

Protegendo os trabalhadores

Param serviços não essenciais

E gastaram com os hospitais

Ou na compra de respiradores

Uns chamou de traidores

A outros de irresponsáveis

Pela crise e seus horrores

Os tornando responsáveis

Fez acusações infindáveis

E desfez dos legisladores

Não teve uma palavra amiga

Pra quem perdeu um parente

Só se importava com intriga

Nada fez de muito inteligente

Com todos comprando briga

Sem se importar com sua gente

Não olhou pelas escolas

Não fez nada para ajudar

Até para dar uma esmola

O povo teve que implorar

Do MS e SUS tudo controla

Mas os deixa se sucatear

É um ano de desgoverno

E o povo sem direção...

Médico virando enfermo

Morrendo sem distinção

No pleno sentido do termo

É um “Tempo de provação”.

O dinheiro para Ciência

Vindo da iniciativa privada

Empresários sem paciência

Com a economia estagnada

Tentando dar providência

E trazer a “cura almejada”...

Muitos artistas morrendo

Como estrelas se apagando

O povo se empobrecendo

Pais de família chorando...

Os profissionais padecendo

Pelo povo se arriscando...

Tentam inventar a esperança

Sob a forma de uma vacina

Só aumenta a discrepância

Entre o que a ciência ensina

E o que o governante afiança

Só corrobora com a chacina

Como se isso não bastasse

Inventam a “Fake da vacina”

Rezamos pra que chegasse

Mas “sua Anvisa” não assina

Cria-se um ardiloso impasse

E o nosso povo assassina.

O mundo já se imunizando

E o Brasil ficando na esteira

A mortalidade aumentando

E a cúpula da embromadeira

Quando está se manifestando

É pra fazer ou falar asneira...

Passou a primeira onda

E logo veio uma segunda

A morte fazendo ronda

Espalhando a dor profunda

Mas naquela mesa redonda

Só a indiferença abunda

Então deu-se o segundo surto

Espalhando a morte ligeira

A desgraça chegou de furto

Assolando a população inteira

Num espaço de tempo curto

Feriu a nação brasileira

Os filhos ficando órfãos

E pais ficando sem filhos

Irmãos enterrando irmãos

A praga sem empecilhos

Governo lavando as mãos

O trem da morte nos trilhos

Já passa de meio milhão

De vidas interrompidas...

Em casa e sem medicação

Em UPAS sendo atendidas

Quem sofre é a população

As perdas em despedidas

O povo todo indignado

Muitos quase sem acreditar...

Que sendo entrevistado

“O líder” se põe a zombar

Nunca se mostra acanhado

Nem vem se solidarizar...

O país vê com expectativa

A devassa que o senado faz

Buscando uma justificativa

Para resgatar toda a paz

E libertar a nação cativa

Do jugo desse mal voraz...

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 01/07/2021
Reeditado em 01/07/2021
Código do texto: T7290628
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.