FALA MAIS QUE O HOMEM DA COBRA

Bom ditado popular

Do Nordeste Brasileiro

Um tema vivo em questão

Para todo presepeiro

Folclore reconhecido

No Brasil e no estrangeiro.

O drama é justiceiro

Com certeza vai narrar

Como se deu este ditado

Tem alguém pra te contar

História dum vendedor

Da língua fomos herdar.

No comercializar

Alguém querendo vender

Suas nobres bugigangas

Sob alegria e prazer

Fartura que é do povo

Tudo pode acontecer.

O trocador de saber

Neste enorme movimento

Frutas maduras, verduras

Grandioso pavimento

Gente tem por todo lado

Tudo por envolvimento.

Uns pedem em sofrimento

Outros ganham tanto mais

Rapaz que fala muito

De Deus e de satanás

Espalha tudo na esteira

Seu sorriso satisfaz.

Isto a séculos atrás

Comentários se ouviu

Deste que fala bem alto

Que por vezes fugiu

Na graça fora de tom

Pra outra feira partiu.

Povo diz que sumiu

Aquele ser instigante

Sempre negocia tudo

De forma bem elegante

Com paletó e gravata

Tem apelido farsante.

Cabra se sente calmante

Para tudo que aconteça

Pomadas para sovaco

Comprimidos pra cabeça

O vendedor nordestino

Que jamais não se pereça.

Peço logo que apareça

Domador homem da cobra

Ditado, porém antigo

Produzido sem manobra

Mulher que viu de perto

O lucro que dele dobra.

No outro dia tem a sobra

Já montado no seu xucro

Andando nos arredores

Vende flores pra sepulcro

Oh! Caba que sobe além

Com certeza vai ter lucro!

Este bom homem foi pulcro

Numa tamanha esperteza

Na forte facilidade

De falar só de riqueza

O importante era vender

Com tanta e real franqueza.

Explicava com clareza

A todos observadores

Não lhe faltava garganta

Mesmo depois dessas dores

Vendia para os plebeus

E também para os doutores.

Tendo seus admiradores

Que tão juntos ficavam

Ouvindo este locutor

Diversos se juntavam

Nos quatro cantos da feira

Feirantes se agitavam.

Todos os que passavam

Gostavam da ocasião

De ouvir todas pregações

Do famoso cidadão

Com esta cobra no corpo

Na maior agitação.

Produtos de precisão

Pra agradar sociedade

Peça de rádio e de TV

Muitas sem qualidade

Mas a propaganda feita

Davam autenticidade.

Viajantes na cidade

Poucos levados a sério

Gritando nos desabafos

Sem possuir um critério

Dizem o que não pensam

Naquele dito impropério.

Vendedor tem seu mistério

É folclore a ser contado

Sobrevive pelo tempo

Pra depois ser comentado

Até hoje o povo velho

Sobre isto já tem falado.

Não quero ser apressado

Narrando com alegria

Nas feiras do meu Nordeste

Ditado é poesia

Este homem que tem a cobra

É somente nostalgia.

No carnaval da folia

Este homem tanto aprendeu

Caixeiro de tantas idas

Farta ira sobreviveu

Quando se fala muito

Certa coisa aconteceu.

Lá atrás isto nasceu

Comunicou Dona Lua

Prima amiga do irmão sol

Parente de uma perua

Que a cobra que ele vendia

Ela viva continua.

Este Cordel se situa

Onde esta visão passou

Vivendo contando fatos

O meu cordial avô

E ainda quis acrescentar

Ele era só camelô.

O feirante enfeitiçou

Se achando entender de tudo

Mas, o Homem da grande Cobra

Era muito sortudo

Sua fala tinha encantos

Deste ato nunca me iludo.

Com o seu braço parrudo

Nada lhe impõe tanto medo

Trocando com maestria

Criando seu próprio enredo

Camelô, Comerciante

Muito faz se é cedo.

Onde se ver tem segredo

Bem escondido no peito

O Homem da Cobra bem sabe

Qual é seu maior defeito

Não ter lugar pra ficar

Desta forma não tem jeito.

Distante daquele leito

É ator deste embaraço

Cobra no braço enrolada

Conduz muito este passo

Nunca gosta de vantagem

Mas vence sempre o fracasso.

Seguindo cada compasso

Ele se achando ser bom

Vendendo aquilo que tem

Nos tempos do califom

Costumes e fantasias

De longe se ouve seu som.

Com o chiclete bombom

Gritando, porém, espera

Feirante bota dinheiro

Palavra, veia sincera

Camelô bem agitado

Se dizendo ser pantera.

Muita moça, paquera

Este ser intempestivo

Feira lhe recebe em festa

Por ele ser prestativo

De posse de seus produtos

Vive sendo um tanto ativo.

Assunto definitivo

Começo, meio no fim

Os vendedores Josés

Primo, irmão de Serafim

Parente longe João

Muito mais de um tal Caim.

Sobreviver é assim

Como falou Juvenal

Camelô fumo de rolo

Que ao pulmão faz só mal

Mostra remédios pro povo

Até falado em jornal.

Homem Cobra é o tal

A sua arma é a fala

Nada lhe deixa quieto

Surpresas vindas da mala

Com produtos espalhados

Pra ouvir o mundo se cala.

A fama dele é bala

Engrandecendo plantel

Homem da Cobra é Arte

Tal qual este Menestrel

Com paletó foi Palhaço

Escrito neste Cordel.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 02/07/2021
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