O tempo dos meus avós
A saudade é enorme
É mesmo algo sem fim
Lembranças me rondam a mente
Sempre especiais para mim
O tempo dos meus avós
Guardado em minha memória
Pessoas muito queridas
Por isso escrevo esta história
Arthur e Maria Quitéria
Félix e Celestina
Começaram a minha estrada
De origem nordestina
Meus avôs eram cearenses
Vó materna pernambucana
E para fechar a família
Vó paterna paraibana
Seu Arthur me fez todos os gostos
Que um menino pode ter
Pão de ló, bola de gude
Só bastava eu querer
Lembro ainda de um presente
A famosa bola do Tostão
Quando foi tricampeã
Nossa grande seleção
Minha avó Maria Quitéria
Era um pouco mais fechada
Mas me deu sempre carinho
E é por mim muito amada
Gostava de ouvir suas histórias
Sempre que ela resolvia contar
Eu ficava a lhe ouvir
Parado a lhe admirar
Mulher de gênio forte
Trabalhadora e guerreira
Com ela não tinha obstáculo
Dificuldade ou barreira
Pelo lado do meu pai,
Celestina era minha avó
Também guardo suas lembranças
Que nunca me deixam só
Quando íamos passar férias
Lá no sítio Degredo
Na hora da despedida
Tínhamos sempre um segredo
Pelo nome, um a um
Ela os netos ia chamando
E sempre um dinheirinho
Em nosso bolso ia deixando
Pedia para não falarmos
Não comentarmos com ninguém
No final todos sabiam
Pois haviam recebido também
Por fim, meu avô Félix
Forte homem sertanejo
Sua palavra era única
Com ele não tinha gracejo
Porém, tinha um momento
Em que logo se derretia
Nessa hora ele mudava
E demonstrava alegria
Era quando eu lhe lia
As revistas que levava
Jornais ou algo do tipo
E as notícias lhe passava
Ele olhava admirado
Porque eu já sabia ler
Dizia ser algo caro
Alguém que possui saber
E assim as lembranças seguem
A me acompanhar pela vida
Por isso achei correto
Falar dessa gente querida
Não podemos ter futuro
Nem mesmo falar do presente
Sem darmos valor ao passado
Que forma a vida da gente
Por isso aos meus avós
Deixo o meu reconhecimento
E a promessa de conservar
Para sempre esse sentimento