A GRANDE SECA DO NORDESTE/1877-79

Na chamada “Grande Seca”

Eu vi a fome chegar

Sentar-se à mesa sem pão

Andar por todo sertão

Eu vi a fome matar

Vi muitos pratos vazios

Vi como a fome é cruel

Vi menino se deitar

Pra nunca mais acordar

Pois foi morar lá no céu

Vi mães pedir pra seus filhos

Dormir e esquecer da fome

Vi muita dor no olhar

Da mãe ao pronunciar:

“Quando acordar, você come!”

Vi o enterro de uma criança

Vítima da desnutrição

Numa cruz vi o seu nome

E a silhueta da fome

Ao lado do seu caixão

Também vi a esperança

Nos lábios em oração

Vi gente se ajoelhar

Fechar os olhos e rezar

Pedindo a Deus compaixão